Setor encerra primeiro semestre no vermelho
As vendas das indústrias de máquinas e equipamentos caíram 5,6% em junho em relação a maio e deixaram o setor no vermelho no primeiro semestre deste ano, com queda acumulada de 3,7% na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo divulgou a Abimaq, entidade representativa do setor. Na comparação com junho do ano passado, o recuo foi de 1,8%. Em valores, a retração das vendas em julho equivale a um montante de R$ 26,870 bilhões. Os dados do setor foram divulgados na quarta-feira (27).
Com a economia estagnada, em meio à inflação acelerada, juros elevados e queda na renda, é mais um setor asfixiado pelo desgoverno Bolsonaro, que acabou com os investimentos em infraestrutura, paralisou obras e acelerou a desindustrialização do país, não apresentando qualquer política para a indústria nos seus 3 anos e meio de governo.
As três variáveis relativas ao faturamento registraram queda em junho na comparação com maio. A receita líquida total (vendas no mercado interno e externo) teve uma redução de 5,6%, a receita líquida interna de -5,8% e o consumo aparente de -7,8%. Em relação a junho de 2021, os indicadores também foram negativos, respectivamente: -1,5%, -2,7% e -6,3%.
Em valores, no acumulado do semestre, a receita líquida total atingiu R$ 150,6 bilhões. A receita interna somou R$ 121,2 bilhões e consumo aparente ficou em R$ 187,5 bilhões.
O Consumo Aparente de Bens Industriais é definido como a parcela da produção industrial destinada ao mercado interno acrescida das importações. Importações não são necessariamente iguais a vendas, mas deverão se transformar em vendas, por isso o aparente.
José Velloso Dias Cardoso, presidente executivo da Abimaq, mantém a previsão de crescimento para o ano, com muitas expectativas de negócios com o agronegócio.
Sem política industrial para o país, o setor parece a moldar-se ao que está ao alcance e nem sempre. A demanda das máquinas e equipamentos para o setor de gás e óleo, em expansão, está sendo atendido por importações à margem do setor.
A Receita Líquida por “Períodos selecionados”, apresentada em um gráfico dos Indicadores Conjunturais, dá uma melhor avaliação de médio prazo da produção e comercialização do setor.
Na comparação, deflacionada, da média da Receita Líquida de 2022 com a média dos anos de 2010 e 2013, anos mais favoráveis, resulta queda expressiva em -26,6%. Acompanha o mesmo processo de desindustrialização imposto à economia há décadas, acentuado no governo Bolsonaro.
As exportações tiveram um crescimento de 29,2% de semestre um para outro semestre. Os embarques somaram US$ 5,6 bilhões no período. No sentido inverso, as importações somaram US$ 11,6 bilhões, crescimento de 10,7%. O saldo do setor ficou negativo em US$ 6 bilhões.
O desempenho do setor continua heterogêneo, com crescimento dos segmentos ligados ao agronegócio e construção civil; estabilidade nos setores fornecedores para a indústria de transformação e queda nos fornecedores de componentes, máquinas para bens de consumo e para infraestrutura.
O nível de utilização da capacidade instalada médio no primeiro semestre ficou em 78,4%, 1,6% abaixo do mesmo período de 2021. O indicador de emprego ficou positivo. Houve crescimento de 8,4% no primeiro semestre, com o total de 395 mil pessoas contratadas. Em 12 meses, os dados da Abimaq mostram alta de 12,1% no total de funcionários do setor.