Para a entidade, a elevada taxa de juros trava e limita a capacidade de investimentos e afeta negativamente o crescimento do setor, que tem enfrentado um processo de desindustrialização
A indústria de máquinas e equipamentos encerrou o primeiro semestre de 2023 com um desempenho negativo nas vendas e receitas, enfrentando as consequências dos altos juros que paralisam os investimentos e o consumo. De acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), nesta quarta-feira (26), as vendas caíram 8,9% de janeiro a junho na comparação com os seis primeiros meses de 2022.
A receita líquida do setor teve uma queda de 3,7% em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto a receita interna diminuiu em 4,8%. O consumo aparente atingiu R$ 187,5 bilhões, uma redução de 7,3%.
A entidade projeta que o ano será de resultados positivos, mas reforça o coro dos empresários que afirmam que uma queda imediata na taxa básica de juros (Selic) é fundamental para que o setor e a economia retomem o crescimento.
“Ao longo do mês, enfrentamos desafios significativos com o Custo Brasil, sendo o mais significativo deles a elevada taxa de juros, que trava e limita a capacidade de investimentos, afetando negativamente o crescimento do setor, o qual tem enfrentado um processo de desindustrialização”, afirmou a entidade em nota no início do mês.
“Nesse contexto, a redução dos juros se torna uma medida de extrema importância para o setor industrial, uma vez que influencia diretamente os investimentos, a produção e a capacidade de expansão das empresas”, prossegue o texto.
Apesar das receitas negativas no primeiro semestre, o setor alcançou uma expansão nas exportações, que totalizaram US$ 5,6 bilhões em embarques – um aumento de 29,2% em comparação com o ano anterior. A demanda externa acabou sendo maior que a interna, pois em outros países, onde as taxas de juros praticadas são mais civilizadas, o setor industrial acaba tendo maior capacidade de investimento.
O emprego no setor também apresentou resultados positivos, com um crescimento de 8,4% no primeiro semestre, totalizando 395 novas contratações.
A média de utilização da capacidade instalada pelas indústrias de bens de capital foi de 78,4% nos primeiros seis meses do ano.