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“A gente tem alguma esperança no setor agrícola, de infraestrutura e embalagens, alimentos, que devem investir neste ano. No mais, vamos continuar sofrendo com as taxas de juros”, disse José Velloso, presidente-executivo da Abimaq
A indústria de máquinas e equipamentos encerrou 2024 com queda de 8,6% na receita total em relação a 2023. um total de R$ 270,8 bilhões. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), foi o terceiro ano seguido de queda. O resultado foi divulgado pela entidade na quarta-feira (26).
Em janeiro deste ano, o setor registrou queda de 4,6% nas vendas na comparação com dezembro de 2024 e um aumento de 19,5% na comparação com janeiro de 2024, uma base de comparação baixa, já que em janeiro de 2023 a queda foi de 21,3%. As receitas líquidas foram de R$ 20,5 bilhões em janeiro deste ano. Descontados esses efeitos as receitas do setor registraram um aumento de 7,5% no período.
Cristina Zanella, diretora de competitividade, economia e estatística, bem como Pedro Estevão, que responde pelo acompanhamento do setor do Agro, destacaram o peso das elevadas taxas de juros impactando negativamente o desempenho do setor, inclusive, as suas possíveis consequências para o novo ano em curso. Zanella ressaltou ainda o baixo nível de investimentos da economia como outro fator negativo que afeta o desempenho do setor.
De acordo com a Abimaq, o faturamento deve crescer, apesar das dificuldades, esperando-se um percentual de 3,7% este ano.
“A gente tem alguma esperança no setor agrícola, de infraestrutura e embalagens, alimentos, que devem investir neste ano. No mais, nós vamos continuar sofrendo um pouquinho em função das taxas de juros”, disse José Velloso, presidente-executivo da Abimaq.
Sobre as medidas tarifárias do governo dos Estados Unidos, Velloso espera reverter as medidas, mas diz que “se o presidente Trump continuar, e me parece que vai continuar”, novos mercados se abrem, não só para os chineses e europeus, mas para o Brasil.
“Já exportamos para o México muita máquina para plásticos, embalagens, rodoviárias, agrícolas, também para alimentos. Então, lógico, pode aumentar a exportação”, declarou Velloso. “O México é um país que está se industrializando muito rapidamente”, afirmou, sobre o país que não tem tradição em fabricar máquinas.
As exportações do setor atingiram em janeiro US$ 818 milhões, ou quedas ante o mês imediatamente anterior (-25%) e ante Jan24 (-22%). Conforme a entidade, não é o pior resultado para o mês de janeiro, mas preocupa por aprofundar o quadro de recuo iniciado em 2024.
Quanto às importações, em janeiro de 2025, elas somaram US$ 2,7 bilhões, valor 19,3% superior ao do mesmo período de 2024. Nos últimos doze meses, as importações acumulam aumento de 12% e atingem US$ 30,2 bilhões. Esse números despertam preocupação em razão de perdas do mercado doméstico.
A capacidade instalada da indústria de máquinas e equipamentos encerrou o mês de janeiro com 74,9% de ocupação. O setor encerrou o mês com 400.243 mil trabalhadores, um aumento de 0,4% em relação em relação ao mês de dezembro de 2024.
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