
Na comparação com março do ano passado, o volume de vendas do comércio varejista recuou 1,0%, com o segmento de hipermercados e mercados caindo 1,4%
Em março de 2025, o volume de vendas do comércio varejista no país cresceu 0,8%, em comparação com fevereiro deste ano (0,5%), informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quinta-feira (15).
Essa foi a terceira alta seguida, após taxas de 0,3% em janeiro e 0,7% em março. Antes disso, o volume de vendas do comércio varejista vinha de dois meses seguidos de quedas: recuos de -0,1% em dezembro de 2024 e de -0,2% em novembro – um período de Black Friday e de compras natalícias, frustrado pelo novo ciclo de alta da taxa de juros (Selic), iniciado pelo Banco Central (BC) em setembro de 2024.
Com o resultado de março, o setor atingiu o maior patamar da série histórica da pesquisa, iniciada em janeiro de 2000. No mês, seis das oito atividades pesquisadas apresentaram taxas positivas, mas o destaque ficou com Livros, jornais, revistas e papelaria, que registrou alta de 28,2% ante fevereiro do mesmo ano. Do lado negativo, o destaque vem de Móveis e eletrodomésticos (-0,4%) e Combustíveis e lubrificantes (-2,1%).
Apesar de ter renovado mais uma vez o recorde da série histórica, as vendas do comércio varejista estão 1,0% em baixa quando comparado com o mesmo mês de 2024, com destaque para as vendas do segmento de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, responsável por mais da metade do varejo restrito (56,4%), que caíram -1,4% na comparação anual.
No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças, material de construção e o atacado especializado em alimentos, bebidas e fumo, o recuo foi de -1,2% no mesmo período.
Impactados pelos juros altos do BC, de um ano para o outro cinco dos oito setores investigados no comércio varejista recuaram: Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-6,3%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-2,1%), Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,4%), Combustíveis e lubrificantes (-0,8%) e Livros, jornais, revistas e papelaria (-6,9%).
Registraram crescimentos: Móveis e eletrodomésticos (3,3%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (2,1%) e Tecidos, vestuário e calçados (1,4%).
Na média móvel trimestral, as vendas do comércio cresceram 0,6% no trimestre encerrado em março. No ano, a alta acumulada ficou em 1,2%.
Na modalidade comércio varejista ampliado a queda de 1,2% nas vendas frente a março de 2024 foi puxada pelos setores de Veículos e motos, partes e peças (-2,2%) e Atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo (-3,6%). Por outro lado, a atividade de material de construção teve alta de 5,2% nesta mesma comparação.
Frente a fevereiro de 2025, as vendas do comércio varejista ampliado cresceram 1,9%, após variação negativa de -0,2% em fevereiro. Em março o indicador cresceu puxado por Veículos e motos, partes e peças (1,7%) e Material de construção registrou (0,6%). No acumulado do ano, as vendas do comércio varejista ampliado cresceram 1,1%.
Na semana passada o BC decidiu elevar o nível da Selic em meio ponto percentual, de 14,25% para 14,75%, com o fim de restringir ainda mais os investimentos e a demanda de bens de consumo no país.
Apesar de avaliar que a economia brasileira já sente os impactos negativos dos juros altos, o BC afirma que seguirá com “a política monetária em patamar significativamente contracionista por período prolongado para assegurar a convergência da inflação à meta”.
Segundo o BC, a conjuntura de atividade segue marcada por sinais mistos com relação à desaceleração de atividade, mas observa-se uma incipiente moderação de crescimento. Isso não diverge do cenário-base do Comitê, que envolve uma inflexão no período corrente, para, então, reduzir o dinamismo nos trimestres subsequentes”, diz trecho da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, divulgada na última terça-feira (13).