Setor de hiper e supermercados, o de maior peso entre as atividades, foi puxado pelas vendas da Páscoa. Setores que mais dependem do crédito e de juros civilizados ficaram no vermelho
As vendas no comércio varejista em abril continuaram patinando em torno de zero. O resultado variou 0,1% na passagem de março para abril, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ao divulgar o resultado da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), nesta quarta-feira (14). Já o acumulado em 12 meses ficou em 0,9%.
Com os juros elevados e a restrição ao crédito, elevando o endividamento e a inadimplência das famílias, as vendas no comércio vêm em declínio desde setembro do ano passado, e caiu nos meses de novembro de dezembro -0,6% e -2,6%, respectivamente. Em janeiro teve uma variação positiva de +3,8%, mas ficou estagnada em 0,0% em fevereiro e patinou +0.8% em março.
Sem qualquer demanda que justificasse o arrocho monetário, inibindo o crédito e o consumo das famílias, o BC mantém desde agosto do ano passado a taxa básica de juros em 13,75%, a mais alta do mundo. No período, a inflação caiu e os juros reais dispararam.
No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção, o volume de vendas caiu -1,6% na série com ajuste sazonal. A média móvel trimestral ficou em 1,3%. Na série sem ajuste sazonal, o varejo ampliado cresceu 3,1%, acumulando no ano alta de 3,3% ante o mesmo período de 2022 e mantendo estabilidade (0,0) no acumulado em 12 meses.
Em abril, das oito atividades analisadas pela pesquisa no varejo restrito, apenas três tiveram resultados positivos: Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (3,2%), Livros, jornais, revistas e papelaria (1,0%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,3%). O setor de hiper e supermercados, o de maior peso entre as atividades, teve a maior influência positiva no mês. Foi o maior crescimento do setor desde março de 2020 (10,5%).
Segundo Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE, “o resultado forte das vendas da Páscoa puxou o setor de hiper e supermercados”.
Ficaram no vermelho os setores de Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-7,2%) e Tecidos, vestuário e calçados (-3,7%). “A atividade de Tecidos, vestuário e calçados tem uma trajetória de queda há muito tempo. Se olharmos todos os indicadores desse setor, desde setembro, em geral, o cenário é muito negativo, com exceção de janeiro (27,3%), quando grandes redes fizeram promoções, após as vendas fracas no Natal e na Black Friday. Esse crescimento de grande amplitude aconteceu em uma base de comparação baixa”, diz o IBGE. Com os resultados negativos seguidos, o setor de tecidos, vestuário e calçados ficou 22,1% abaixo do nível registrado em fevereiro de 2020.
Também ficou no negativo o segmento de Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-7,2%), que vem de uma alta de 6,3% no mês anterior e de uma queda de 9,7% em fevereiro e se encontra 17,8% abaixo do patamar pré-pandemia.
Outras atividades que ficaram no campo negativo foram Combustíveis e lubrificantes (-1,9%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,4%) e Móveis e eletrodomésticos (-0,5%).
No comércio varejista ampliado, os setores de Veículos, motos, partes e peças caíram -5,9% e Material de construção recuou -0,8%.