“Inadimplência batendo recordes este ano” é um dos fatores do recuo, aponta economista da Serasa Experian
As vendas físicas do comércio varejista na semana natalina, entre 18 e 24 de dezembro, apresentaram um recuo de 1,4% em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados da empresa Serasa Experian, divulgados na terça-feira (26). Entre 22 e 24 de dezembro, a queda nas vendas físicas foi ainda mais acentuada, quando recuaram 10,7% também frente ao mesmo período de 2022.
Para o economista da Serasa Experian, Luiz Rabo, “com a inadimplência marcando números recordes este ano, a prioridade dos consumidores foi a reestruturação financeira ao optarem por utilizar o 13° salário para o pagamento e renegociação de dívidas”.
O resultado negativo veio após dois anos de recuperação do setor no Natal, considerada a principal data para os comerciantes, após o tombo de 10,3% em 2020.
Já em 2022, as vendas do varejo físico apresentaram um avanço de apenas 0,4%. Com a inflação e a renda arrochada, o comércio varejista, assim como os consumidores, também sofreram os efeitos dos juros altos no Brasil, alavancados pela taxa básica da economia (Selic) do Banco Central (BC), que bateu na época a marca de 13,75% ao ano.
O BC só voltou a reduzir a Selic em agosto deste ano e, de lá para cá, a taxa encontra-se no patamar de 11,75%, mantendo o seu poder de fogo de abater a demanda por bens de consumo, os investimentos e manter o alto grau de inadimplência no país.
Em São Paulo, a queda foi de 1,2% nas vendas da semana natalina (18 a 24 de dezembro 2023), em comparação com o ano passado, e caíram 9,6% no fim de semana (22 a 24 de dezembro de 2022).
Na última década, o varejo físico só obteve desempenho ruim na semana do Natal nos anos de recessão de 2015 e 2016, quando as vendas caíram 6,4% e 4%, respectivamente, e depois na pandemia, com a queda de 10,3%.
O resultado na venda natalina deste ano vem após mais um ano de Black Friday fraca – a segunda pior da história. Entre os dias 23 e 25 de novembro, a Black Friday (principal data para o comércio on-line local) somou R$ 4,5 bilhões em vendas, um recuo de 14,4% em relação ao ano anterior, de acordo com os dados da Confi.Neotrust, em parceria com a ClearSale.