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“Sinais de desaceleração marcam não apenas a indústria e os serviços, mas também o comércio varejista”, avalia o Iedi. Média móvel trimestral do comércio varejista ampliado ficou negativa em -0,7%
No mês de dezembro de 2024, as vendas do comércio varejista restrito voltaram a ficar em baixa, ao caírem -0,1% em relação a novembro (-0,2%, dado revisado de -0,4%). Considerando o comércio varejista ampliado – que inclui veículos, motos, partes e peças; material de construção e atacarejo – a queda foi ainda maior (-1,1%), segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quinta-feira (13).
Na média móvel trimestral encerrado em dezembro, o volume de vendas no comércio varejista restrito teve variação nula (0,0%), em relação ao trimestre encerrado em novembro de 2024, um intervalo de tempo que as vendas do setor praticamente não cresceram (0,3%). A média móvel trimestral do comércio varejista ampliado apresentou variação de -0,7%,
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As vendas do comércio encerraram 2024 em +4,7%, mas o setor no final do ano evidenciou a desaceleração da economia brasileira, já manifestada nos resultados da produção industrial (-0,3%) e no volume de serviços (-0,5%) em dezembro, sendo que o primeiro ficou no vermelho nos três últimos meses do ano e o setor de serviços caiu pelo segundo mês seguido.
“Embora o varejo tenha se saído bem em 2024 como um todo, apresentando expansão de +4,1% em seu conceito ampliado (ante +2,3% em 2023), o final do ano indica um dinamismo que é metade disto”, avalia o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Industrial).
“À exceção de livros, jornais e papelaria, para quem a digitalização tem provocado mudanças estruturais, praticamente todos estes ramos que funcionaram como travas nestes últimos meses de 2024 estiveram sob efeito ou da inflação de alimentos, como no caso de supermercados e do atacarejo, ou da elevação das taxas de juros do país, como material de construção, veículos e informática e comunicação”, diz o Iedi.
Em dezembro, cinco das oito atividades pesquisadas do comércio varejista registraram taxas negativas: Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-5,0%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-3,3%). Combustíveis e lubrificantes (-3,1%), Tecidos, vestuário e calçados (-1,7%) e Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,4%). Do lado das taxas positivas: Outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,6%), Móveis e eletrodomésticos (0,7%) e Livros, jornais, revistas e papelaria (0,8%).
O varejo ampliado fechou em alta de 4,1%. Mas, quando analisada a evolução do índice de média móvel trimestral, depois da variação nula (0,0%) no trimestre encerrado em novembro de 2024, apresenta queda de -0,7%.
Os dois meses consecutivos de queda, tanto para o varejo restrito como para o ampliado, ocorreu entre períodos da Black Friday, trocas de presente de Natal e recebimento do 13º terceiro salário.
No Brasil, o desejo de consumo de bens e serviços no país perdeu força durante o ano de 2024, asfixiado pelas altas taxas de juros impostas pelo Banco Central, elevando os juros no crédito, aumentando a inadimplência das famílias, corroendo a renda dos brasileiros. A situação foi agravada com a retomada da elevação da taxa Selic em setembro do ano passado, que este ano recolocou o Brasil no posto de campeão mundial de juro real (descontada a inflação).