Após duas quedas consecutivas: maio (-0,7%) e abril (-0,1%)
As vendas do comércio varejista no Brasil ficaram estagnadas (0,0%) em junho em relação a maio, após queda de -0,7% no mês de maio e de -0,1% em abril, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O desempenho de junho ficou abaixo da estimativa do “mercado”, que estimava uma variação positiva de 0,4%.
Com os juros elevados e alta inadimplência das famílias, as vendas no semestre vêm perdendo ritmo após janeiro. “O primeiro semestre fecha em alta muito por conta do crescimento concentrado em janeiro, quando foi de 4,1%. Depois de janeiro, os resultados são mais tímidos, com variações mais próximas a 0%”, avalia o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.
Entre as atividades que apresentaram alta em junho em relação a maio estão: Tecidos, vestuário e calçados (1,4%), Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,3%), Livros, jornais, revistas e papelaria (1,2%) e Móveis e eletrodomésticos (0,8%).
Por outro lado, Equipamentos e material para escritório informática e comunicação (-3,7%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,9%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria mostrou crescimento (-0,7%) e Combustíveis e lubrificantes (-0,6%) apresentaram queda.
No acumulado do ano até junho foi registrada alta de 1,3% e, nos últimos 12 meses, variou +0,9%. A média móvel trimestral ficou negativa em -0,3% no segundo trimestre de 2023.
No semestre, quatro atividades fecharam em alta. Segundo o IBGE, um dos principais responsáveis pelo crescimento nas vendas foi o setor de combustíveis e lubrificantes. Nos primeiros seis meses de 2023, a atividade acumula alta de 14,5% em relação ao mesmo período de 2022, com crescimento de 21,1% nos últimos 12 meses.
“Este cenário de expansão é bem definido por conta da mudança da política de preços no ano passado, e continuou esse ano”, diz Cristiano.
Com a deflação de 0,08% no IPCA verificada em junho, o setor de Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo também contribuiu com o resultado positivos nos seis primeiro meses do ano.
O setor acumula crescimento de 2,6% no ano em junho, com destaque para o resultado de abril, quando registrou alta de 3,6%. Para o pesquisador do IBGE, entretanto, o cenário ainda é bastante contrário à perspectiva de consumo no varejo. “Sobretudo com relação ao crédito e a taxa de juros”, ressalta.
No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção, o volume de vendas cresceu 1,2% frente a maio, na série com ajuste sazonal. A média móvel trimestral para o varejo ampliado foi de -0,5%.
A atividade de Veículos e motos, partes e peças cresceu 8,5% em junho em relação a maio, enquanto o setor de Material de construção variou -0,3%.