Em outubro, variou 0,4% em relação a setembro, no acumulado do ano registra 1,0% e em 12 meses 0,1%
Diante da pressão dos juros altos, carestia e renda achatada, o comércio varejista brasileiro derrapa no mês de outubro. De acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas do setor variaram +0,4%, um resultado menor do que setembro (1,2%). Em julho, o comércio registrou queda de -0,2% e em agosto variou +0,2%. No acumulado de 12 meses segue estagnado, com resultado em torno de zero (+0,1%).
No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, o volume de vendas em outubro variou 0,5% contra o mês anterior, mas registra quedas de -0,5% no acumulado do ano até outubro, e de -1% no acumulado de 12 meses.
Em outubro, na comparação com setembro, cinco das oito atividades pesquisadas pelo IBGE registraram vendas no campo positivo: Móveis e eletrodomésticos (2,5%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (2,0%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (2,0%), Combustíveis e lubrificantes (0,4%) e Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,2%). Ficaram no campo negativo: Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-0,4%), Tecidos, vestuário e calçados (-3,4%) e Livros, jornais, revistas e papelaria (-3,8%).
Na modalidade ampliada, apresentaram resultados negativos: Veículos e motos, partes e peças, com -1,7% e Material de construção, com -3,5%. Na comparação anual, estas duas atividades também estão em baixa nas vendas, de -0,7% e -12,7%, respectivamente.
Com a taxa de juros da economia em 13,75% ao ano fazendo os brasileiros serem os maiores pagadores de juros reais do mundo, e assim, travando o consumo da população, elevando o endividamento das empresas e das famílias e inibindo investimentos do setor produtivo, a economia brasileira desacelerou no terceiro trimestre de 2022, com o Produto Interno Bruto (PIB) registrando uma variação de apenas 0,4% na comparação com o trimestre anterior. E as previsões para o último trimestre deste ano são de crescimento zero.
Em meio à inflação, principalmente do alto custo da alimentação, que se soma a queda da renda e do alto nível de desemprego que cercam o país nos últimos anos, os brasileiros estão se endividando mais com o cartão de crédito, cheque especial e até empréstimos. Sob a via dos juros altos, em novembro, a proporção de famílias inadimplentes atingiu o patamar de 30,3%, um avanço de 4,2 pontos percentuais (p.p) frente a novembro de 2021, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Segundo a entidade, no mês passado, o percentual de famílias que relataram ter dívidas alcançou 78,9% do total das famílias brasileiras, alta de 3,3 p.p em comparação com o mesmo período de 2021.
“Os orçamentos das famílias de menor renda seguem apertados porque os juros altos aumentam as despesas financeiras associadas às dívidas em andamento. Com maior nível de endividamento, está mais difícil pagar todos os compromissos em dia, contas de consumo e dívidas”, declarou a economista e responsável pela pesquisa da CNC, Izis Ferreira.
Com os brasileiros – principalmente os de menor renda – mais endividados, as vendas promocionais de Black Friday minguaram este ano, ao apontarem resultado de queda pela primeira vez desde que a data passou a ser comemorada no país. As vendas de Natal também devem decepcionar mesmo com o 13º salário – já antecipado durante o ano no caso por muitos aposentados, servidores públicos e trabalhadores para cobrir despesas que seus proventos não conseguem suportar mais – frente à desvalorização salarial.