
Índice volta a crescer após quatro meses seguidos de variações muito próximas de zero, aponta IBGE. No comércio varejista ampliado – que incluiu veículos, motos e peças e construção – caiu 0,4%
O volume de vendas do comércio varejista no país registrou uma variação de 0,5% no mês de fevereiro em relação a janeiro, na série com ajuste sazonal, depois de um período de estabilidade em torno de zero por cento das variações: em outubro 0,4%; novembro -0,2%; dezembro-0,2% e janeiro 0,2%. A média móvel trimestral variou 0,2% no trimestre encerrado em fevereiro.
O aumento de 0,5% levou as vendas do setor a atingir o maior patamar da série histórica iniciada em janeiro de 2000, superando em 0,3% o nível recorde anterior de outubro de 2024. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada hoje (9), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ainda assim, o índice volta a crescer sem poder caracterizar uma inflexão altista, inclusive em razão da desaceleração pela qual passa economia, garroteada pela política monetária contracionista imposta pelo Banco Central (BC).
Os sucessivos aumentos da Selic pelo BC, taxa básica da economia, desde setembro de 2024, situando-a em 14,25% a.a, entre os três mais altos juros reais do mundo, tem, e terá ainda, forte impacto negativo, em razão do crédito mais caro, no nível de consumo da população.
Quatro das oito atividades investigadas na pesquisa avançaram em fevereiro deste ano. Entre elas, os destaques foram os setores de Hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,1%) e de Móveis e eletrodomésticos (0,9%).
Já as atividades de Livros, jornais, revistas e papelaria (-7,8%), Equipamentos e material para escritório informática e comunicação (-4,2%), Tecidos, vestuário e calçados (-0,1%) e Combustíveis e lubrificantes (-0,1%) apresentaram resultados no campo negativo.
“Em fevereiro, observamos a volta de um protagonismo para o setor de hiper e supermercados, após um período de seis meses, desde agosto, com variações próximas de zero, com estabilidade. Condições macroeconômicas mais complexas nos últimos meses, como a queda do número de pessoas ocupadas, a estabilidade da massa de rendimento real e a inflação da alimentação em domicílio, não incentivam o consumo de bens que não sejam de primeira necessidade. Com isso, as pessoas tendem a optar por produtos mais básicos, o que explica o crescimento maior do setor em relação aos outros”, diz o gerente da Pesquisa Mensal de Comércio, Cristiano Santos.
No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção, o volume de vendas em fevereiro sobre janeiro recuou -0,4%, registrando -2,6% e +1,1%, respectivamente. Na série sem ajuste sazonal, que inclui, além das atividades citadas, o atacado especializado em alimentos, bebidas e fumo, o varejo ampliado cresceu 2,4% frente a fevereiro de 2024. O acumulado no ano foi de 2,3%, enquanto o acumulado em 12 meses foi de 2,9%.