“A novidade é que parou de cair”, diz gerente da pesquisa do IBGE
As vendas do comércio varejista brasileiro variaram 0,2% em agosto, após quatro meses consecutivos de queda, afetadas pelas altas taxas de juros do Banco Central e pela inadimplência recorde das famílias brasileiras. Apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Pesquisa Mensal do Comércio foi divulgada nesta quarta-feira (15).
De acordo com Cristiano Santos, gerente da pesquisa, “a novidade é que parou de cair”, pois variações abaixo de 0,5% são consideradas nulas. Portanto, os resultados de agosto não representam uma “virada de chave” em relação aos meses de queda. Apesar dos resultados nos últimos meses, o comércio acumula alta de 2,2% em 12 meses.
SETORES
Cinco dos oito setores pesquisados tiveram alta na passagem de julho para agosto. Segundo o IBGE, a deflação do mês contribuiu para o bom resultado da maioria dos segmentos. Santos destaca ainda que, apesar dos juros altos, que encarecem o crédito, houve aumento no volume de empréstimos para pessoas físicas (+1,5% ante julho), o que também favorece pontualmente o consumo.
Equipamento e material de escritório, informática e comunicação foi o destaque, com aumento de 4,9% nas vendas. Segundo Santos, o desempenho do setor foi influenciado pela queda do dólar, que favoreceu a venda de artigos importados.
Tecidos, vestuário e calçados tiveram variação positiva de 1%, enquanto artigos farmacêuticos subiram 0,7%. O segmento de móveis e eletrodomésticos variou 0,4%, mesmo percentual de hiper, supermercados, produtos alimentícios – setor que tem maior peso no varejo.
Por outro lado, o segmento de livros, jornais, revistas e papelaria caiu -2,1%, combustíveis e lubrificantes, -0,6%; outros artigos de uso pessoal e doméstico, -0,5%.
No comércio varejista ampliado, que inclui atividades como veículos, motos, partes e peças e material de construção, as vendas cresceram 0,9% de julho para agosto. Frente a agosto de 2024, houve queda de 2,1%, completando três meses de perdas. No ano e em 12 meses, o varejo ampliado acumula -0,4% e 0,7%, respectivamente.