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Programa foi responsável por 47% dos lançamentos e 44% das vendas totais no ano passado
A indústria da construção civil fechou o ano de 2024 com vendas em alta de 20,9% sobre 2023. Foram 400.547 unidades comercializadas no ano passado sobre as 331.359 unidades do ano anterior, totalizando mais 69.188 unidades. Os números foram os maiores já registrados pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
De acordo com a CBIC, o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida (MCMV) teve um papel muito importante no resultado do setor no ano passado. Os lançamentos de unidades enquadradas no programa aumentaram 44,2% em relação a 2023, enquanto as vendas cresceram 43,3% no mesmo período, chegando a 168.773 unidades.
No 4º trimestre de 2024, o MCMV foi responsável por 47% dos lançamentos e 44% das vendas totais. O levantamento considerou apenas as unidades financiadas, não incluindo os imóveis na faixa 1 do programa, que são subsidiados.
A CBIC divulgou os dados do setor na segunda-feira (17), chamando a atenção que, apesar de momento favorável, a alta dos juros e dos custos preocupam o setor da Construção. As projeções para 2025 são de uma desaceleração nas atividades. O quarto trimestre do ano passado, com uma variação negativa sobre o trimestre anterior de 4,1%, depois de três trimestres de alta, foi o que destoou na série do ano.
Renato Correia, presidente da CBIC, disse que os resultados de 2024 são desdobramentos dos esforços da indústria de atender a crescente demanda por moradias. “São dados que reforçam o aquecimento da atividade, apesar dos desafios macroeconômicos, como a elevação da taxa Selic e alta persistente dos custos e a preocupação com a inflação”, declarou Correia.
Segundo ele, “a expansão dos lançamentos e vendas, especialmente no segmento de habitação popular, demonstrou a resiliência do setor mesmo diante de um cenário econômico desafiador. Entretanto, as incertezas macroeconômicas e as dificuldades no acesso ao crédito podem impactar o ritmo de crescimento em 2025”.
“A elevação da taxa de juros ao longo do ano passado encareceu o financiamento imobiliário e pode impactar a demanda em 2025, especialmente para imóveis voltados às classes média e alta”, alerta a CBIC. “Já no Minha Casa, Minha Vida, a tendência é de estabilidade, uma vez que o orçamento do Fundo de Garantia para 2025 já está definido em R$ 130 bilhões”, assinalou a entidade ao divulgar os dados.
LANÇAMENTOS
O levantamento traz dados de comercialização de imóveis residenciais novos em 221 cidades, incluindo todas as capitais e regiões metropolitanas do País. Foram de 383.383 apartamentos no ano passado sobre 323.329 de 2023, um crescimento de 18,6%. A alta ficou concentrada no Sudeste (20,0%). Foi a primeira alta anual de imóveis lançados desde 2021, destacou a entidade, quando cresceu 35,0%.