O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na sexta-feira (11) os resultados da Pesquisa Mensal do Comércio de março apresentando um forte recuo no volume de vendas de supermercados – um claro desdobramento do aumento do desemprego e do arrocho na renda das famílias.
Na passagem de fevereiro para março, as vendas em hipermercados e supermercados caíram 1,8% na série com ajuste sazonal (que considera e desconta as variações e influências dos períodos).
O comportamento das vendas em supermercados – além de ser a atividade que tem mais peso no varejo em geral – tem relação direta com a crise e com a forma que a política recessiva afeta os trabalhadores. A queda nas vendas de hipermercados e supermercados representa que a população está cortando do orçamento mensal ou deixando de comprar alimentos, produtos de limpeza e higiene pessoal – que são produtos de primeira necessidade.
“As estatísticas das pesquisas de emprego do IBGE mostram perdas de postos de trabalho no primeiro trimestre do ano. E o consumo de supermercados é muito influenciado por isso”, afirmou a gerente da pesquisa, Isabella Nunes. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad Contínua) do instituto, deu conta de que o número de “desocupados” no país aumentou em 1 milhão e 379 mil pessoas no primeiro trimestre de 2018. Sem contar a legião dos trabalhadores por conta própria – que na verdade é formada, em sua esmagadora maioria, por trabalhadores que, jogados no olho da rua, passaram a viver de biscates, mas que ainda assim são considerados “ocupados” segundo os critérios da pesquisa do IBGE.
A variação das vendas no varejo em geral de fevereiro para março foi medíocre, de 0,3%, após queda de 0,2% em fevereiro. Além da pesada influência das vendas dos supermercados, houve queda expressiva nas atividades de livros, jornais e papelaria (-1,2%) e de equipamentos e materiais para escritório (-5%).
PRISCILA CASALE