O representante brasileiro disse que “é lamentável que as atas não tenham aparecido. Depois encontraram esse caminho pela Justiça. Eu não estou entendendo muito bem”, acrescentou o assessor de Lula
O assessor especial para assuntos internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Celso Amorim, disse nesta quarta-feira (7), em entrevista à Globo News, que são os próprios venezuelanos que têm que resolver os problemas na eleição sem intromissões externas. Estados Unidos e União Europeia estão desconhecendo a Justiça venezuelana e declaram vitória da oposição.
Amorim questionou as sanções impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia à Venezuela e pediu “flexibilidade” de todos os lados para que o impasse seja resolvido. “Temo que possa haver um conflito muito grave. Não quero usar a expressão guerra civil, mas temo muito. E eu acho que a gente tem que trabalhar para que haja um entendimento. Isso exige conciliação”, defendeu.
“Por que os EUA mantiveram sanções violentas quando já havia processo de negociação? Por que a União Europeia manteve sanções ao mesmo tempo que estava sendo convidada para ser observadora?”, questionou. “Então, nós temos que ter uma flexibilidade, ouvir todos os lados, porque a solução tem que ser deles no fundo. Ninguém de fora vai impor uma solução”, continuou.
Amorim disse que “é lamentável que as atas não tenham aparecido”. “Depois encontraram esse caminho pela Justiça. Mas eu também não tenho confiança nas atas da oposição”, afirmou.
O CNE demorou para entregar as atas alegando que houve um ataque cibernético segudido de atos violentos da oposição com o objetivo de tumultuara as eleições.
Ainda sobre as atas, Amorim prosseguiu: “Eu tenho que confessar a minha ignorância, não compreendo bem ainda o que a Justiça vai fazer”, disse.
A Justiça venezuelana está neste momento realizando um processo de peritagem nas atas entregues pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão responsável legal pela condução das eleições naquele país. Ela cobrou também dos demais candidatos que apresentem provas de fraude na eleição.
“Eu disse isso [sobre as atas] para o presidente Maduro no dia seguinte à eleição”, afirmou. Ele falou que não está ententdo muito bem porque as atas foram entregues à Justiça. “Eu disse que “não se pode dar um ultimato”. E explicou: “Às vezes a evolução é lenta, mas está ocorrendo. Se a gente notar que não tem nenhuma solução, não sei, tem que pensar”, prosseguiu.
Celso Amorim viajou à Venezuela em 26 de julho para acompanhar as eleições, realizadas em 28 de julho. Ficou no país até 30 de julho e se encontrou com Maduro e com o principal nome da oposição, Edmundo González Urrutia, que não aceita o resultado oficial proclamado pelo CNE e nem compareceu diante da Justiça para apresentar provas das fraudes alegadas por seu partido. Ele se autodeclarou vencedor do pleito, recebendo o apoio imediato do governo dos EUA, de Trump e de Milei, da Argentina.