Já durante o início da tarde desta terça-feira ficava claro o fracasso da tentativa de golpe perpetrada por Juan Guaidó contra o governo da Venezuela.
Tudo começou com uma bravata. Guaidó foi para a frente de uma das bases militares mais importantes da Venezuela, a base aérea de La Carlota, para anunciar: “Neste momento, me encontro com as principais unidades militares da nossa Força Armada, dando início à fase final da Operação Liberdade”. Dizendo ao povo que tomasse as ruas pois a partir dali teria início o fim da “usurpação”, ou seja, do governo, cujo poder ele é que, na verdade, queria, sem mandato para tal, usurpar.
Elementos da Casa Branca, Pompeo e Bolton, logo se pronunciaram em apoio a seu instrumento na Venezuela.
Porém, a luz do sol foi trazendo imagens que iam clarificando o grau de isolamento da iniciativa. Poucos soldados da Guarda Nacional Bolivariana e algumas dezenas de apoiadores acorreram ao viaduto que fica diante da base de La Carlota.
Também ficou vendido, Leopoldo López, líder do partido de Guaidó que está em prisão domiciliar, condenado a 13 anos de prisão por formação de quadrilha e por incitar violência (nas ações nefastas que ficaram conhecidas como as guarimbas), causando queima de prédios oficiais, dezenas de mortos e feridos. López saiu de sua prisão domiciliar ao encontro de Guaidó, acreditando que iria da frente de La Carlota para o poder junto com o parceiro de aventura.
E só. Ficou nisso a pantomima. Nem mesmo o comando da base escolhida por Guaidó para dali dar início à sublevação iria aderir.
A seguir o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, falou ao país ladeado por todos os comandantes da Força Armada Nacional Bolivariana, declarando que cerca de 30 integrantes das forças policiais e da Guarda Nacional se juntaram a Guaidó na tentativa de golpe, mas que os quartéis de todas as “oito regiões de defesa estavam unidas à FANB e sob o mando dos comandantes naturais”.
Pelo mesmo caminho, falou Remigio Ceballos, chefe da força armada, de que “a FANB estava vencendo um grupo de confusos e enganados”.
A seguir, em mais um indício do fracasso do golpista, herdeiros dos guarimberos chegaram mascarados e, provocativamente, começaram a lançar pedras do viaduto contra a base. O fizeram insistentemente até que as forças da Guarda Nacional começaram a chegar e aí alguns começaram também a atirar coquetéis molotov contra a base, incendiaram um ônibus e tentaram incendiar alguns dos blindados que vinham para ajudar a dispersar os apedrejadores. Um dos blindados, após se desviar de uma das garrafas incendiárias, se lançou contra os que as atiravam e acabou causando ferimentos em um deles.
Ao final da tarde o fracasso estava consumado e as notícias que o confirmavam não paravam de chegar: 25 militares correram para a embaixada do Brasil e pediram asilo e Leopoldo López fez o mesmo na embaixada chilena.
Daí, foi a vez da Casa Branca dar início à busca de pretextos para o fracasso de seu peão na Venezuela.
Bolton, o assessor de segurança norte-americano, foi para a frente da Casa Branca dizer que não entendia porque o golpe não deu certo, pois, disse, “estava tudo acertado”: Os líderes militares, Padrino e Ceballos deveriam afastar “pacificamente” a Maduro e entregar o poder a Guaidó. Bolton disse que iria esperar até de noite para que eles cumprissem “a promessa”.
Já Trump prometeu acirrar ainda mais as sanções contra Cuba, cujo apoio em treinamento militar seria, de acordo com ele, o responsável por mortes na Venezuela.
Por fim, foi a vez do ex-chefe da CIA e atual secretário de Estado, Pompeo repetir Bolton de que tudo estava acertado para Maduro ser afastado, mas foram os russos que convenceram o presidente venezuelano a ficar…
Se não ajudou em nada para encobrir o rotundo fracasso de seu golpista e, aliás só o corroborou, as declarações dos três inquilinos da Casa Branca serviram para deixar ainda mais claro de onde partem, também agora, as entabulações para intervir na Venezuela contra o princípio claro e fundamental que rege a Carta das Nações Unidas de que cabe a cada nação decidir o seu destino sem intervenções externas.