Sob a convocação: “Zulia reclama urgente diálogo e acordo democrático com novo Conselho Nacional Eleitoral para evitar a violência, a morte e a ingerência externa na Venezuela”, mais de 20 lideranças, entre deputados, dirigentes partidários e ex-executivos regionais lançaram, dia 18 – no parlamento do Estado Zulia – um manifesto em favor do acordo político nacional que leve a um Referendo Consultivo para renovar e relegitimar tanto a Assembleia Nacional, como a Presidência da Venezuela.
A proposta defendida em Zulia, o mais importante do país em termos de reservas petrolíferas, reforça os termos defendidos pela Aliança pelo Referendo Consultivo, ARC, para uma saída negociada e soberana para a crise política e econômica que ameaça o país vizinho.
Seguem os termos do manifesto firmado conjuntamente por 14 dirigentes do PSUV (partido fundado por Hugo Chávez e hoje dominado pelo madurismo), um ex-prefeito de um dos municípios de Zulia, um ex-secretário do Estado e mais três deputados estaduais e lido em conferência de imprensa pelo deputado Eduardo Labrador:
A já dramática crise política, econômica e social que vivem os venezuelanos está escalando a níveis tais que nos põe à beira da violência, eclosão social, morte e intervenção militar estrangeira como saída desastrosa para a confrontação política. O que está em jogo é a existência da República. Por isso desde uma perspectiva humana é impossível ser indiferentes e, muito menos, guardar silêncio por assumir posições acomodadas ou burocráticas.
A solução para esta devastadora crise econômica, social e política deve ser resolvida pelos venezuelanos, o que torna inaceitável que elites econômicas, políticas, militares ou estrangeiras impeçam que seja o povo, no exercício de sua soberania, quem decida por sufrágio transparente o destino da nação. Neste sentido nos pronunciamos a favor da proposta lançada por um grupo de honrados venezuelanos, militantes do ideal socialista e que serviram honestamente como ministros durante a Presidência de Hugo Chávez: Héctor Navarro, Ana Elisa Osório, Jorge Giordani, Gustavo Márquez, Oly Millán e Rodrigo Cabezas e apoiada por outros destacados patriotas como Vanessa Deivis, Antonia Munhoz, Edgardo Lander, Santiago Arconada, Gonzalo Gómez (Aporrea); de que o povo venezuelano seja convocado a um referendo consultivo sobre se quer que se relegitimem ou não todos os poderes públicos da nação.
Esta proposta supõe que os atores políticos localizados no Executivo Nacional e na Assembleia Nacional acordem constituir um novo e crível Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para convocar o processo eleitoral de maneira peremptória que devemos estimar em um prazo máximo de 90 dias. Este é um direito político que não se pode cercear aos venezuelanos e é o único caminho para garantir a paz e trabalhar para superar a dramática deterioração da economia e da qualidade de vida que atinge a todos particularmente os mais humildes e os trabalhadores da Pátria.
Sabemos que setores governamentais corrompidos e totalmente divorciados do sofrimento do povo de Zulia nos ofenderão, atacarão e até tentarão nos agredir. Alienados pelo poder corrompido que exercem só lhes resta gritar delirantemente sobre uma suposta traição; frente a isto decidimos, não temer, que nada nos deterá porque nossas consciências nos indicam que estamos atuando correta, honesta e civilizadamente ao nos colocarmos ao lado da imensa maioria do povo, é aí que que pertencemos; um povo que reclama que o deixem expressar para produzirem uma mudança política de forma democrática, em liberdade e em paz; que lhe permita tratar e sair da atual grave crise econômica e social. Portanto, a esse povo nunca daremos as costas, nunca o trairemos, nunca o abandonaremos. Traidores são os que roubaram impunemente o dinheiro da nação, os que usam a mentira como política de Estado, aqueles aos quais não lhes importa a fome e a desnutrição de idosos e crianças, os que submergiram Zulia no atraso, no descalabro e na desesperança, os que destroçaram nossa indústria petroleira e ainda se dizem “revolucionários” após se tonarem os novos ricos de Zulia e da nação.
Junto ao povo de Zulia, exigimos que nos deixem decidir nosso futuro.
Nem fome, nem guerra!
Que o povo decida no voto.
Maracaibo, 18 de março de 2019