Em carta entregue ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro, no dia 7, o papa Francisco enfatiza que o Vaticano sempre foi a favor do diálogo e apela para que as duas partes (referindo-se ao governo venezuelano, por um lado, e ao autoproclamado presidente interino, por outro) “coloquem o bem comum acima de qualquer outro interesse e trabalhem por união e paz”.
Trechos da carta, em resposta a uma mensagem enviada por Maduro, no dia 4, solicitando a mediação vaticana para o impasse político venezuelano, foram publicados pelo jornal italiano Corriere dela Sera no dia 13.
Na carta, o papa critica Maduro e se refere a esforços de mediação anteriores nos quais as negociações “infelizmente foram interrompidas porque o que havia sido acordado nas reuniões não foi seguido por gestos concretos. As palavras pareciam deslegitimar os bons propósitos que haviam sido colocados por escrito”.
“A Santa Sé assinalou claramente quais eram os pressupostos para que o diálogo fosse possível”, de forma a evitar “qualquer forma de derramamento de sangue”, esclarece o papa.
Diz ainda que já em discussões no passado havia o Vaticano definido estes pressupostos “considerados indispensáveis para que o diálogo se desenvolva de forma frutífera e efetiva” e que, agora, “outros se agregaram como resultado da situação e são mais necessários do que nunca”.
A Secretaria de Estado do Vaticano também recebeu, no dia 12, uma delegação enviada pelo autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, que trouxe o recado de não aceitação de qualquer diálogo com o governo Maduro.
A delegação foi recebida pelo “número três” da Santa Sé, o também venezuelano, Edgar Peña Parra, que disse “torcer para que seja encontrada uma solução justa e pacífica para superar a crise”.
Repetindo as recomendações que o papa já expressara a Maduro, “foi sublinhada a grande preocupação de que a solução se dê em respeito dos direitos humanos, procurando o bem de todos os habitantes do país e evitando o derramamento de sangue”, disse o porta-voz do Vaticano, Alessandro Gisotti, em comunicado.
“Foi reiterada a proximidade do santo padre e da Santa Sé ao povo venezuelano, principalmente àqueles que sofrem”, acrescentou o porta-voz.