O ministro das Comunicações da Venezuela, Jorge Rodriguez, afirma que a prisão do presidente da Assembleia Nacional foi realizada por agentes do Serviço de Bolivariano de Inteligência (SEBIN) mas não foi autorizada pelo governo. O ministro destaca que os agentes foram demitidos e que estão em curso investigações sobre a possibilidade de ter sido “golpe midiático da oposição”.
Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela (AN), foi detido e, uma hora depois, liberado, neste domingo, dia 13. A detenção aconteceu quando Guaidó se dirigia, junto com sua esposa, para participar de um evento na cidade de Caraballeda, no Estado Vargas.
A prisão se deu logo depois que o deputado declarara que tinha legitimidade para assumir a presidência no lugar de Maduro e convocar eleições.
A Assembleia Nacional não reconheceu a posse de Maduro que teve de assumir e prestar juramento na sede da Corte Suprema (ver matéria https://horadopovo.org.br/isolado-maduro-se-reempossa-na-corte-suprema/ ) depois de eleições onde as regras impediam a participação, em condições minimamente razoáveis, da oposição que boicotou o pleito.
No entanto, Guaidó e seus apoiadores na Assembleia Nacional também têm sua legitimidade contestada pois se configuram em “dócil instrumento para o domínio dos EUA sobre o país, pretendendo desalojar da presidência Nicolás Maduro com um golpe parlamentar e uma possível manobra intervencionista desde o estrangeiro, articulada com o governo de Trump e o chamado ‘Grupo de Lima’”, conforme afirmam os opositores chavistas reunidos na Marea Socialista.
De fato, o presidente da AN que, embora insista que “tem legitimidade para assumir a Presidência” do país, acrescenta que precisa “contar com apoio do povo e das forças armadas” e, ainda, invocando intervencionismo estrangeiro, pede suporte da “comunidade internacional”.
Esse arquitetado intervencionismo fica mais claro quando partem declarações governamentais norte-americanas elogiando o “corajoso Guaidó” e afirmações abertas de que atuam no sentido do empenho em tirar Maduro da Presidência e que, para tanto, fazem todo tipo de gestões, tanto no interior da Venezuela, como em uma série de países da América Latina.
Vão neste sentido notas do Departamento de Estado dos Estados Unidos, assim como afirmações do próprio secretário de Estado, Mike Pompeo, que destacou que os EUA “trabalham diligentemente para restaurar a democracia na Venezuela” e que chama “os países da América Latina para resolver isso”. Partindo de quem há pouco insistia em manter as tropas norte-americanas que invadiram ilegalmente a Síria, mesmo quando a Casa Branca já declarara sua intenção de retirá-las, dá para perceber o tipo de “democracia” que o governo estadunidense quer para a Venezuela.
Além do presidente da AN, foram detidas, no mesmo dia, duas jornalistas, Beatriz Adrián (do portal colombiano Notícias Caracol) e Osmary Hernández (CNN-Venezuela) que, assim que souberam da prisão de Guaidó, estavam fazendo cobertura para suas redes.
Fabiana Rosales, esposa do deputado, foi a primeira a denunciar, pelas redes sociais a prisão de seu marido para, a seguir, reconhecer sua liberação.
Assim que foi solto, Guaidó disse que, “se a declaração do Ministro das Comunicações é verdadeira, então o governo perdeu o controle de seus órgãos de segurança”.
Na contramão das declarações do ministro das Comunicações, isentando o governo da prisão de Guaidó, a ministra do Serviço Penitenciário, Iris Varela, declarou em entrevista para uma TV venezuelana, um dia antes da prisão relâmpago do deputado, que já havia “acomodado” uma cela para ele a quem qualificou de “rapaz cretino”.
“Guaidó, já te acomodei a cela, com seu respectivo uniforme, espero que nomeies rapidamente o teu gabinete [ele assumiu a presidência da AN dia 5 de janeiro] para saber quem são os que vão te acompanhar, rapaz cretino”, declarou Varela.