Parte do programa “Volta à Pátria”, o acordo de repatriação assinado entre o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e a governadora de Roraima, Suely Campos, está sendo utilizado pelos participantes para rever a família e regressar ao Brasil.
Como ficou evidente pelo próprio número de venezuelanos inscritos no programa – 20 mil diante de mais de dois milhões que abandonaram o país -, Maduro busca com seu plano band-aid tão somente melhorar a imagem do governo diante da comunidade internacional, sem efetivamente dar qualquer resposta à miséria, fome, desemprego e desesperança, que se agravam. Exemplo disso é que, todos os dias, mais de 800 venezuelanos entram em Roraima, que já recebeu, segundo a Polícia Federal, mais de 72 mil pedidos de refúgio.
Conforme reportagem realizada pelo portal Terra, a volta à Venezuela não tem sido fácil, pois os ônibus que levam os imigrantes de Boa Vista são direcionados até a Guarda Nacional, de onde são enviados para as cidades onde vivem. A ajuda termina aí.
Um dos venezuelanos ouvidos é Richard de Jesús Cardoso, de 24 anos, que chegou no Brasil há um ano vindo de El Tigre, no Estado de Anzoátegui, em busca de melhores condições de vida, tendo deixado a mulher grávida. Em Roraima, ganha R$ 20 vendendo e descarregando melancias na Feira do Produtor. Com a miséria que recebe, nunca conseguiu se sustentar dignamente, quem dirá viajar para visitar a família. Agora, vai aproveitar o programa para ver a filha que nasceu e visitar os parentes. Logo depois, seu plano é voltar, arranjar um emprego melhor e, talvez, até trazer a família. “Vou conhecer a minha filha, depois eu volto”, declarou.
Vivendo no Brasil há sete meses, Iuri Mendes, venezuelana de 38 anos, disse que vai retornar pelo mesmo motivo: ver o filho que está na Venezuela com a mãe. “Quero voltar para casa para estar com meu filho, mas não sei se vou ficar. Quero voltar ao Brasil. Sei que a Venezuela ainda não está dando possibilidades de emprego e comida”, disse.
“Também vou, pois quero ver minha família, mas voltarei assim que possível”, acrescentou Marisol López, de 28 anos.
Vale lembrar que o programa só foi anunciado após Maduro ter dito, primeiro, que não existia imigração em massa, pois era “tudo encenação” da direita, e depois, que quem saía “ia para o exterior lavar privada”.