Uma parte dos candidatos a vereadores de Belo Horizonte pelo PSL divulgou uma nota denunciando o repasse de R$ 690 mil do fundo eleitoral para a candidata Janaina Cardoso, ex-esposa do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. Para os candidatos, esse é mais um “escândalo de repasse de verbas públicas”.
O valor é muito superior ao recebido pelos demais candidatos. O único vereador do PSL na cidade, Léo Burguês, recebeu R$ 100 mil do partido para realizar sua campanha à reeleição.
Em 2018, o ministro Marcelo Álvaro Antônio, que presidiu o PSL de Minas Gerais, foi denunciado e investigado por chefiar um esquema de desvio dos recursos do fundo eleitoral a partir de candidaturas-laranja.
Para os candidatos a vereadores de BH pelo partido, o favorecimento desmedido da ex-esposa do ministro “deteriora o PSL” e “joga na lama o nome de um partido, envolvido, mais uma vez, em escândalo de repasse de verbas públicas, o que deprecia não apenas as candidaturas, mas as histórias de outros candidatos, idôneos, patriotas e conservadores no mesmo cenário”.
“R$ 690 mil para cada um? Qual a razão para tal situação acontecer? O que está por trás de tudo isso? Os candidatos do PSL, em sua grande maioria, são favoráveis ao combate à corrupção e de respeito ao dinheiro público. Uma disparidade dessa não condiz com o entendimento dos candidatos e, por isso, a revolta se faz presente”, questiona a nota assinada por 24 candidatos.
Segundo a nota, “quem combate a corrupção nas ruas também não pode ser conivente com situações extravagantes dentro do mesmo partido”.
Durante as eleições de 2018, quando presidiu o PSL do estado, Marcelo Álvaro Antônio convenceu mulheres a serem candidatas-laranja desde que gastassem o dinheiro do fundo eleitoral, que foi R$ 279 mil, com empresas ligadas a seus ex-assessores.
Quatro candidatas, Lilian Bernardino, Milla Fernandes, Débora Gomes e Naftali Tamar, dividiram os R$ 279 mil entre suas campanhas, mas obtiveram, ao todo, 2.084 votos.
Do dinheiro repassado, ao menos R$ 85.000 foram para as contas de quatro empresas de assessores, conhecidos ou parentes de Marcelo Álvaro. O ministro foi denunciado pelo Ministério Público por falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita de recurso eleitoral e associação criminosa – com pena de cinco, seis e três anos de cadeia, respectivamente.
O assessor do ministro Marcelo Antônio, Haissander Souza de Paula, disse em depoimento à Polícia Federal que “parte dos valores depositados para as campanhas femininas, na verdade, foi usada para pagar material de campanha de Marcelo Álvaro Antônio e de Jair Bolsonaro”.
Uma planilha, apreendida pela PF numa gráfica, corrobora com o depoimento. Nomeada como “MarceloAlvaro.xlsx”, ela mostra o fornecimento de material eleitoral para a campanha de Bolsonaro com a expressão “out”, o que significa, de acordo com os investigadores, pagamento “por fora”.