A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu nesta terça-feira (25) o vereador bolsonarista Ernane Aleixo (PL), de São João de Meriti, acusado de atuar em uma rede criminosa ligada ao Terceiro Comando Puro (TCP), segunda maior facção do estado. A detenção ocorreu durante a Operação Muro de Favores, que investiga se o parlamentar forneceu suporte logístico e operacional ao grupo em troca de benefícios financeiros e eleitorais.
Ernane, que foi o terceiro mais votado nas eleições municipais do ano passado, é suspeito de disponibilizar maquinário e estrutura para facilitar a construção de barricadas em Vilar dos Teles, barreiras que restringiam a circulação de equipes de segurança e até de serviços públicos nas comunidades. Interceptações telefônicas e mensagens apreendidas pelos investigadores sustentam a suspeita de que o vereador mantinha colaboração direta com integrantes do TCP.
O delegado Vinícius Miranda caracterizou o esquema como “uma clara troca de favores” e completou: “Não só de favores, o que piora a situação. Houve o uso aparente de um bem público contra o povo, para erguer barricadas”.
Durante o cumprimento dos mandados, os agentes encontraram cerca de R$ 50 mil em espécie dentro da casa do parlamentar. A investigação também aponta que o TCP mantinha uma articulação política para expandir seu domínio em áreas da Baixada Fluminense — como Trio de Ouro, Guacha e Santa Tereza — por meio de uma rede de “favores” que envolveria figuras locais. Há suspeitas de que Ernane tratava até de distribuição de vagas em um hospital da região em troca de apoio político.
O núcleo investigado, segundo a Polícia Civil, era chefiado por Marlon Henrique da Silva, o Pagodeiro, preso no ano passado e considerado braço direito de Geonário Fernandes Pereira Moreno, o Genaro, apontado como líder do TCP na região. Pagodeiro confessou ter assassinado três pessoas — entre elas uma mulher — durante um confronto com uma facção rival dois anos atrás. Nesta terça, também foi presa Luciana Adelia Theofilo, esposa do criminoso.
A ação integra a estratégia estadual conhecida como Barricada Zero, voltada à eliminação de obstáculos físicos instalados pelo crime organizado e à retomada do acesso do poder público às comunidades. De acordo com a polícia, o grupo atuava em um conjunto de crimes que incluía tráfico de drogas, homicídios, extorsão de comerciantes e lavagem de dinheiro.
A equipe do vereador divulgou nota sustentando que as acusações são infundadas e têm a finalidade de manchar sua imagem pública. Afirmou ainda que Ernane sempre exerceu suas funções com responsabilidade e transparência, e que sua defesa trabalha para derrubar a prisão preventiva, considerada injusta.
Já a Câmara de São João de Meriti declarou que “acompanha a situação envolvendo o parlamentar com responsabilidade e respeito aos trâmites legais” e ressaltou: “Ressaltamos que qualquer fato relacionado a agentes públicos deve ser analisado com cautela e dentro do devido processo.”











