
Durante audiência pública realizada nesta quinta-feira (29) na Câmara Municipal de São Paulo, o presidente do Sindicato dos Motoboys de São Paulo (SindimotoSP), Gilberto Almeida dos Santos, o Gil, reagiu a uma provocação do vereador bolsonarista Lucas Pavanato (PL), autor de um projeto de lei que propõe a liberação do serviço de mototáxi na cidade.
A sessão foi marcada por protestos de mototaxistas favoráveis à legalização do serviço – e que teriam recebido R$ 250 da empresa 99 para participarem da audiência – e por vaias contra o sindicato. Ao tomar a palavra, Gil denunciou a precarização das condições de trabalho imposta pelas plataformas de aplicativo e defendeu a manutenção da proibição do serviço de mototáxi enquanto não houver uma regulamentação sobre o tema.
Em meio ao debate, Pavanato ironizou a liderança sindical de Gil, chamando-o de “sindicalista pelego”. A provocação acirrou os ânimos. Gil partiu em direção ao vereador e o agarrou pelo colarinho, sendo contido por parlamentares e seguranças. O episódio gerou tumulto, e ambos os envolvidos anunciaram que registrarão boletim de ocorrência.
Após o episódio, Gil reafirmou sua posição contrária à liberação do mototáxi em São Paulo. Segundo o presidente do SindimotoSP, a proposta beneficia apenas as grandes empresas de aplicativo, que, segundo ele, precarizam o trabalho e promovem a divisão entre os próprios trabalhadores.
“A 99 e a Uber chegaram aqui em 2015 e desregularam tudo”, criticou. “Quem deveria estar sendo vaiado são as empresas de aplicativo, que estão escravizando, explorando, precarizando e colocando a categoria para brigar entre si”. A entidade argumenta que a liberação desordenada, impulsionada por aplicativos, coloca em risco a segurança viária, favorece a informalidade e enfraquece as conquistas históricas da categoria.
Além disso, o sindicato alerta para os altos índices de acidentes com motociclistas em São Paulo e defende que qualquer mudança na legislação deve vir acompanhada de garantias trabalhistas, fiscalização adequada e políticas públicas voltadas à segurança no trânsito e à proteção dos trabalhadores.
Atualmente, os serviços de transporte por moto operados por empresas como Uber e 99 estão suspensos na capital paulista por decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, que estabeleceu multa de R$ 30 mil por dia em caso de descumprimento da proibição. Uma nova audiência pública sobre o tema está marcada para o dia 5 de junho.