Veto dos EUA à Palestina na ONU é ato “desonroso na história”, afirma Pequim

Representante chinês no Conselho de Segurança da ONU, Wang Yi expressou “profunda insatisfação” com veto de Washington (AFP)

“A admissão imediata da Palestina nas Nações Unidas é um movimento para retificar uma injustiça histórica prolongada”, defendeu o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi

Com o veto à admissão do Estado palestino nas Nações Unidas, “os Estados Unidos opõem-se mais uma vez abertamente à moralidade internacional e à comunidade internacional, deixando mais um registro muito desonroso na história”, afirmou sábado (20) o ministro das Relações Exteriores e representante da China no Conselho de Segurança da ONU, Wang Yi.

Enquanto os EUA se isolavam, quinta-feira (18), vetando a adesão plena da Palestina como Estado membro, que já obtivera 12 votos – mais do que os nove necessários para o encaminhamento à Assembleia Geral – Pequim se empenhava para que fosse feita justiça. “A admissão imediata da Palestina nas Nações Unidas é um movimento para retificar uma injustiça histórica prolongada”, enfatizou o chanceler chinês.

De acordo com Pequim, a criação de um Estado independente tem sido o desejo há muito acalentado pelo povo palestino e a adesão formal às Nações Unidas é um passo fundamental neste processo. A Palestina apresentou o seu pedido já em 2011, mas a ação do Conselho de Segurança foi arquivada devido à ferrenha oposição dos EUA em respaldo a Israel. Passados 13 anos, a solicitação palestina foi novamente rejeitada devido ao veto norte-americano. Como apontaram os chineses, “os sonhos de décadas do povo palestino foram impiedosamente destruídos e os povos do mundo vão se lembrar deste comportamento perverso dos EUA”.

Na avaliação da China, a incorporação da Palestina é uma obrigação internacional que precisa ser adotada e cumprida por cada Estado-membro da ONU, uma vez que o país já é reconhecido por 137 das 193 nações. “As Nações Unidas devem trabalhar para desempenhar o seu devido papel na resposta aos desafios globais, e o CS da ONU deve cumprir o seu dever de manter a paz e a segurança internacionais”, defendeu Wang Yi, ressaltando que a comunidade internacional “tem profunda insatisfação e decepção com os Estados Unidos”.

A China reiterou que continuará trabalhando para desempenhar um papel construtivo, lutando pelo fim da agressão à Gaza, “aliviando a situação humanitária e promovendo a implementação da ‘solução de dois estados’”.

Buscando justificar o injustificável veto, o governo de Joe Biden disse que o reconhecimento palestino como Estado e sua adesão às Nações Unidas precisam ser resultado de uma negociação bilateral com Israel, e não de um debate na ONU. Desde sua criação em 1948, o Estado de Israel tem demonstrado com sua ocupação dos territórios palestinos a ferro e fogo, que não aceita a decisão da ONU que estabeleceu os dois Estados. Portanto, o argumento de Biden é de um cinismo imensurável.

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