
E pede arquivamento de inquérito contra ele
A vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, está trabalhando dobrado às vésperas das eleições.
Ela pediu o arquivamento da investigação contra Jair Bolsonaro por interferência na Polícia Federal mesmo com abundância de provas.
Lindôra é aliada de Bolsonaro, com quem já teve reuniões secretas, e a ela foi prometida uma promoção para procuradora-geral da República (PGR), caso continue protegendo o governo, segundo matéria de um site, e que não houve desmentido.
A vice-procuradora disse, em manifestação enviada para o Supremo Tribunal Federal (STF), que a investigação não colheu provas de que Bolsonaro havia interferido politicamente na PF para proteger seus aliados e familiares.
A investigação começou depois que o ex-juiz Sergio Moro pediu demissão do cargo de ministro da Justiça e denunciou que estava sendo pressionado por Bolsonaro para trocar o diretor-geral da Polícia Federal, na época Maurício Valeixo.
A gravação de uma reunião ministerial foi aberta ao público pelo STF e Jair Bolsonaro diz expressamente que queria “trocar alguém da segurança na ponta da linha” ao invés de “esperar foder minha família toda”.
“Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui! E isso acabou. Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final!”, disse Bolsonaro.
Sergio Moro afirmou que a fala foi feita como uma ameaça a ele, que não queria indicar um novo diretor-geral da PF, naquela ocasião, Alexandre Ramagem. Hoje, Ramagem é candidato a deputado federal pelo partido de Bolsonaro, o PL.
“Falei que seria uma interferência política e ele disse que seria mesmo. […] O presidente me disse mais de uma vez, expressamente, que ele queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, que ele pudesse colher informações”, explicou Moro.
Não é função da Polícia Federal passar informações para o presidente da República, isso é o que Bolsonaro queria e seria crime grave.
Dias antes do pedido de demissão de Sergio Moro, o diretor-geral Marcelo Valeixo foi exonerado em um documento com a assinatura do próprio ministro da Justiça.
Acontece que o governo Bolsonaro falsificou a assinatura do então ministro, que não concordava com a exoneração.
Lindôra Araújo enviou para o STF o documento pedindo o arquivamento do inquérito e disse que “não há indicativo concreto” de qualquer cometimento de crime. A vice-procuradora-geral da República disse, ainda, que Bolsonaro informou que trocou o diretor-geral da PF “por critérios técnicos e de confiança”.