O candidato a vice-presidente de Jair Bolsonaro, Hamilton Mourão, defendeu o fim do décimo terceiro salário – e também do adicional de férias – no Clube dos Diretores Lojistas de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, na quarta-feira (26).
“Se a gente arrecada 12, como pagamos 13?”, disse Mourão, acrescentando que o 13º salário é “uma jabuticaba brasileira”.
No entanto, ele não é a favor, ao que se sabe, do extermínio das jabuticabas. Mas é a favor de acabar com o 13º salário, porque ele não existe nos EUA e outros países com relações trabalhistas atrasadas.
“É sempre a visão dita social com o chapéu dos outros, não com o chapéu do governo”, disse Mourão, sobre uma das medidas econômicas que mais impulsionaram as vendas de fim de ano (e não apenas as de fim de ano) em todo o país, desde que foi criado, pelo presidente João Goulart, em 1962.
Com sua incapacidade já notória, Mourão não consegue entender que o 13º amplia o mercado interno – e, portanto, o lucro dos empresários.
Daí dizer que o 13 º salário é uma “mochila nas costas dos empresários”.
Mas existe outro motivo: para os monopólios multinacionais, que exploram uma faixa estreita do mercado – a dos consumidores de maior renda -, é possível (embora mesmo isso seja duvidoso) que o fim do 13º fosse um aumento nos lucros. Esses monopólios, em geral, não são produtores de bens cuja venda depende imediatamente do nível dos salários.
Este foi, exatamente, o modelo da ditadura, durante o famigerado “milagre econômico”, baseado na concentração de renda e no arrocho salarial, modelo que somente existiu debaixo de uma repressão sem comparação na História do Brasil.
Porém, nem a ditadura deu fim ao 13º salário – pois sabia que isso afetaria diretamente milhares de empresas nacionais, que ficariam com vendas ainda mais reduzidas.
“Temos algumas jabuticabas que a gente sabe que são uma mochila nas costas de todo empresário. Jabuticabas brasileiras: 13º salário. Se a gente arrecada 12, como é que nós pagamos 13? É complicado. E é o único lugar onde a pessoa entra em férias e ganha mais. A legislação que está aí é sempre aquela visão dita social, mas com o chapéu dos outros, não é com o chapéu do governo.”, disse o candidato a vice-presidente de Bolsonaro.
Mourão exumou o podre discurso, enterrado na primeira metade da década de 60, quando os bajuladores das multinacionais diziam que, se fosse aprovado o décimo terceiro, as empresas e o país quebrariam.
Em quase 60 anos, aconteceu o contrário: o 13º salário, tal como o adicional de férias, serviram para expandir o consumo – isto é, o mercado das empresas nacionais, e, até mesmo, de empresas que não eram (e não são) nacionais.
O 13º salário foi criado pela Lei 4.090, de 13 de julho de 1962. Ele foi projetado no governo de Getúlio Vargas, mas só na década de 60 passou a ser garantido pela lei, sancionada por João Goulart. Posteriormente, foi incorporado à Constituição, após o fim da ditadura, pelos constituintes de 1988.
O problema básico – já no início da década de 60 do século passado, mas ainda hoje -, é que é impossível fazer crescer a economia sem que aumentar a massa de salários, especialmente, o nível daquele que é o piso dos salários: o salário mínimo.
Quem irá investir, se não há para quem vender?
No entanto, hoje, o salário mínimo no Brasil é um dos menores do mundo. É metade do de Portugal e Grécia; um terço da Coreia e Japão; um quarto dos Estados Unidos e França, um quinto da Alemanha. É menor que o da Argentina, Uruguai, Colômbia, Perú, Panamá. Menor que o do Paraguai.
Com essa restrição ao consumo – ou seja, às vendas – a economia não consegue sair da estagnação.
O 13º salário – assim como o adicional de férias – vão contra essa tendência à estagnação, ao possibilitar algum consumo, que não existiria sem eles.
Porém, Bolsonaro e sua equipe de gênios querem colocar o país mais fundo no pântano em que já está, levado pelo PT e por Temer.
Daí a ideia de manter a equipe de Temer, se Bolsonaro fosse eleito, ideia que entusiasmou tanto Mourão quanto o guru econômico de Bolsonaro, Paulo Guedes.
Na tarde de quinta-feira, Bolsonaro tentou consertar o estrago, com uma mensagem, no Twitter, onde diz: “O 13° salário do trabalhador está previsto no art. 7° da Constituição em capítulo das cláusulas pétreas (não passível de ser suprimido sequer por proposta de emenda à Constituição). Criticá-lo, além de uma ofensa a quem trabalha, confessa desconhecer a Constituição”.
Quem escolheu o candidato a vice foi ele, Bolsonaro.
Porém, mais importante que isso, a razão de Bolsonaro – ou a principal – é apenas o fato de que 0 13º está na atual Constituição?
Não foi o seu candidato a vice-presidente que defendeu, seguidamente, suprimir a Constituição para substituí-la por um texto feito “sem os representantes do povo”?
SÉRGIO CRUZ
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Faz algum tempo foi publicado um post que “provava que o 13º salário não existe”; o gênio (ou jênio) fez o seguinte cálculo: um mês tem 4 semanas; a semana 7 dias; multiplicou 7 x 4 = 28, e depois, por 12 meses e achou 336; depois diminuiu de 365 dias do ano (366 se o ano for bissexto) e achou o “13º” mês do ano; e chegou genialmente à conclusão que o 13º era para pagar este 13º mês; ora, toda vez que alguém acerta um salário mensal (R$ 2 mil, por exemplo) com uma empresa, o receberá em fevereiro com 28 dias (29 no ano bissexto), em abril, junho, setembro e novembro, com 30 dias, e nos demais com 31 dias; sem 13º ele receberia ao final dos 365 dias do ano o valor total de R$ 24.000,00; com 13º recebe R$ 26 mil.
Verifique, leia, os direitos que constam no artigo 7º da Constituição, citado por Boçalnaro no Jornal Nacional, quando perguntado quais os direitos que os empresários citam como demasiados, e que ele replica, dizendo que, ou devem querer todos os direitos e desemprego, ou menos direitos e emprego:
– seguro desemprego, em caso de desemprego involuntário;
– fundo de garantia do tempo de serviço;
– salário mínimo;
– décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
– remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
– salário-família;
– repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
– gozo de férias anuais remuneradas;
– licença gestante, sem prejuízo do emprego e salário, com duração de 120 dias;
– aposentadoria;
– seguro contra acidente do trabalho;
– PROIBIÇÃO DE DIFERENÇA DE SALÁRIOS, DE EXERCÍCIO DE FUNÇÕES E DE CRITÉRIO DE ADMISSÃO POR MOTIVO DE SEXO, IDADE, COR OU ESTADO CIVIL.
– proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência.
EM RELAÇÃO AO PENÚLTIMO ITEM ACIMA, LEMBRAM QUE ELE JÁ DISSE, CONCORDANDO QUE OS EMPRESÁRIOS NÃO CONTRATAM MULHERES, PORQUE ELAS ENGRAVIDAM, OU QUE, POR ISTO, DEVEM GANHAR MENOS? ISTO TEM A VER COM O ITEM “LICENÇA GESTANTE”, TAMBÉM.
Mourão diz que 13º salário é ‘jabuticaba’
Será que ele não se enrolou? De repente queria dizer que os cientistas da turma dele, se chegassem ao governo, gostariam de fazer um experimento; cruzar um jabuti com uma cabra: jabuticabra.
Li que alguns militares da turma do bozo estariam querendo substituir o Moura; teriam preferencia por uma mulher, a ESTACA.
Estão querendo acabar com décimo terceiro salário falando que vários paises nao tem entao igualar nosso salario igual dos outros países hamilto mourao si vc tira do pobre pra dar para rico vc ganha bem sem fazer nada procura serviço gerais