O vice-presidente do Equador, Jorge Glas, foi condenado, na quarta-feira, a 6 anos de prisão pela Corte Nacional de Justiça. A procuradoria o acusou de associação ilícita, organização criminosa, chantagem, suborno e enriquecimento ilícito. Peça chave no julgamento foi a declaração de José Conceição Santos ex-diretor da sucursal da Odebrecht no Equador. Também condenado o tio de Glas, que recebia a propina. A Corte exige dos condenados, além da pena prisional, a devolução de 33,5 milhões de dólares a título de reparação pelos danos causados ao Estado.
O vice-presidente do Equador, Jorge Glas, foi condenado, dia 13, a 6 anos de prisão. Acusado de associação ilícita, organização criminosa, chantagem, suborno e enriquecimento ilícito, foi condenado junto com seu tio Ricardo Rivera, Edgar Arias, Ramiro Carrillo e Carlos Villamarín. O julgamento durou 14 dias e houve 4 reuniões de deliberação onde estiveram tratando dos processos jueces Édgar Flores, Sylvia Sánchez e Richard Villagómez da Corte Nacional de Justiça sediada na capital Quito.
A Corte ao expedir a sentença declarou que “as ações de Jorge Glas, como autoridade, e de seu tio, Ricardo Rivera, como enlace, foram principais para que a Odebrecht lograsse contratos em troca de retribuções econômicas ilegais”.
ESTRAGO NA AL
A articulação da Odebrecht em diversos países da América Latina tinha no ex-presidente Lula peça fundamental. A justificativa de sua ida a países que depois serviriam de contratantes da Odebrecht eram palestras, como a que deu em Quito, em 7 de maio de 2013 (como está descrito no boletim informativo do Instituto Lula), antecedida de encontros com dirigentes destes países. As palestras eram pagas em peso de ouro, mais de 20 milhões de reais, além de outras somas e bens agora investigadas no Brasil.
A Odebrecht, como estamos vendo neste caso equatoriano, após abertas as portas por Lula e articuladores próximos, passava a propinar lideranças locais que entregavam contratos bilionários à empreiteira. Levantamentos realizados somente no Equador levaram a Justiça local a exigir dos condenados a repatriação de 33,5 milhões de dólares sob o conceito de reparação ao Estado.
Do lado de fora manifestantes apoiavam a condenação com palavras de ordem, “Glas, ladrón devuelve el billetón” (Glas ladrão devolva o dinheiro), e cartazes exigindo “Devolvam todo o roubado”, “À cadeia”.
DISTRIBUIÇÃO
Há avaliações de que a propina distribuída pela Odebrecht a políticos africanos e latino-americanos onde atuou chega a 788 milhões de dólares.
O processo contra Glas e seu tio se acelerou depois que, em 5 de agosto, o ex-diretor da empreiteira no Equador, José Conceição Santos, declarou que entregara 16 milhões de dólares a ele através de Rivera.
Jorge Glas foi vice-presidente do Equador no governo de Rafael Correa e reeleito para o cargo na chapa presidida por Lenín Moreno. O atual presidente já destituiu de suas funções e retirou suas atribuições.
A Corte já havia colocado Glas em prisão preventiva desde 5 de outubro para evitar que ele fizesse gestões para intimidar testemunhas ou ocultar provas. Desde então já estava proibido de viajar, alienar bens e tinha as contas bancárias congeladas.
A Corte atendeu ao pedido da procuradoria, através do procurador Carlos Baça, que apresentou testemunhas e “40 provas contendo milhares de documentos entre memorandos, contratos e materialização de informação recebida dos Estados Unidos e do Brasil”.
NATHANIEL BRAIA