Em entrevista concedida ao canal alemão Deustche Welle, DW, o vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, assinalou que a crise social, econômica e política que vivida pela Venezuela se deve a uma má gestão por parte do governo desse país e que isso se traduz no “sofrimento” da população.
“Evidentemente tem havido uma má gestão econômica. Poderiam ter sido feitas muitas outras coisas, mas são os próprios venezuelanos os que têm que atuar”, afirmou rejeitando a ingerência de outros países. “Não é para que outras potências se intrometam. Os tempos do colonialismo se acabaram no meio do século XX e não vamos atualizar no século XXI velhos colonialismos que, no fundo, respondem ao interesse de se apoderar dos recursos naturais dos países influenciados”, frisou.
García Linera esclarece que, pese a “dar-se conta do sofrimento da Venezuela”, não reconhece Juan Guaidó como mandatário encarregado do país, mas só como presidente da Assembleia Nacional (AN). O governo de Evo Morales reconhece Nicolás Maduro como presidente venezuelano.
Neste sentido, insta a que as forças políticas da Venezuela se reúnam para chegar a um acordo que permita pôr fim à crise.
“Pedimos a Maduro que convoque o resto das forças políticas da Venezuela a encontrarem o caminho democrático para que o povo venezuelano deixe de sofrer. Nos damos conta do sofrimento que nos dói muito”, expressou.
Na Bolívia, o crescimento econômico foi o maior da América do Sul pelo sexto ano consecutivo e, conforme projeções de organismos tão diferentes como a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e o Banco Mundial, o país andino também liderará em 2019.
García Linera, disse que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) se traduz em “importantes conquistas para o país”, uma vez que é compartilhado pelo conjunto da população. A média da evolução do PIB boliviano nos últimos anos foi de 4,7% (2014, +5,5%; 2015, +4,9%; 2016, +4,3%; 2017, +4,2% e 2018, +4,7%).
O vice-presidente frisou que a economia boliviana se diversificou e se dinamizou, potencializando seu mercado interno e que, diferente do passado, não depende exclusivamente de exportar matérias-primas com baixo valor agregado. “Os hidrocarbonetos e os minerais aportam 13% das entradas, enquanto a agricultura, o sistema financeiro, o transporte, o comércio, a construção e a indústria manufatureira têm um papel importante”, acrescentou.