Vice-presidente da Câmara reage às intimidações fascistas do bolsolavismo

Deputado Marcelo Ramos (PL-AM), vice-presidente da Câmara. Foto: Michel Jesus - Câmara dos Deputados
Com bolsolavismo é “8 ou 80”, não tem acordo. Basta contrariar as orientações, pretensões e decisões do governo para acender a fúria dos seus seguidores. Agora “sobrou” para Marcelo Ramos (PL-AM), vice-presidente da Câmara dos Deputados

Apoiadores de Bolsonaro e seguidores do astrólogo Olavo de Carvalho, os bolsolavistas foram às redes sociais do deputado Marcelo Ramos (PL-AM), vice-presidente da Câmara dos Deputados, após as críticas do parlamentar aos decretos armamentistas editados pelo presidente da República para acossá-lo.

Ele reagiu às críticas sofridas pelos bolsolavistas que defendem os quatro decretos sobre armas editados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O deputado disse que “esse tipo de crítica não me intimida”.

“Pelo contrário, fortalece a minha convicção. Sou um moderado e cada vez que extremistas me atacam, tenho mais certeza de que estou no caminho certo”, afirmou Ramos.

COM BOLSOLAVISMO NÃO TEM “LUA DE MEL”

Antes, durante e alguns dias depois da eleição da Mesa da Câmara dos Deputados, “Centrão”, governo e bolsolavismo estavam todos irmanados. Mas a “lua de mel” durou pouco tempo.

As crises começam a pulular, pois o governo, em particular, o seu titular, se alimenta dessas crises. É uma em cima da outra. A mais recente é a do deputado abilolado que fez vídeo ameaçando, perigosa e criminosamente, os ministros do Supremo.

Antes, militantes virtuais bolsolavistas foram para cima do vice-presidente da Câmara, porque o parlamentar criticou os decretos armamentistas de Jair Bolsonaro. No chamado bolsolavismo só há paz se houver “concordância bovina”, com as ações do governo, independentemente do conteúdo dessas.

O ataque dos bolsolavistas começou após o vice da Câmara afirmar, nas redes sociais, que “o conteúdo dos decretos relacionados a armas editados pelo presidente é o fato de ele exacerbar do seu poder regulamentar e adentrar numa competência que é exclusiva do Poder Legislativo (…) “O presidente pode discutir sua pretensão, mas encaminhando PL à Câmara”, disse.

No dia seguinte, segunda-feira (15), Ramos voltou a criticar os decretos. O parlamentar disse que existe “um uso da questão do CAC [sigla para colecionadores, atiradores e caçadores] para dissimular o desejo de armar a população”. “O povo não precisa de arma, precisa de vacina”.

ETHOS DE BOLSONARO

O presidente da República surgiu no mundo político, cresceu e se criou sob o conflito. Alguns comezinhos, outros nem tanto, vários outros gravíssimos. Ele não foi contido durante sua longa e improdutiva vida parlamentar — foram 30 anos — 2 anos como vereador no município do Rio de Janeiro e depois 28, como deputado federal. E agora ganhou volume e perigo continental, já que o Brasil é um continente.

Ao longo dessas duas gerações, Bolsonaro consolidou-se politicamente num ambiente de conflitos. Ele não sabe atuar de outra maneira. Assim, no governo comporta-se tal e qual fazia no Parlamento.

Não pode ser diferente, pois do contrário não será ele. Se não for contido pelas instituições da democracia, ele e seus seguidores militantes, nas redes e nas ruas, só se fortalecerão. Aí a criatura, e consigo sua militância, ficarão maiores que as instituições e tendem a atropelá-las.

M. V.

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