Subsecretária de Estado encarregada de fomentar o golpe de 2014 para depor o governo legítimo em favor de um bando de ucranianos nazistas acólitos da Otan reconheceu que os Estados Unidos atuaram para inviabilizar o diálogo e a construção da paz na Ucrânia
A construção do Acordo de Paz entre a Ucrânia e a Rússia com encontros patrocinados por Istambul fracassou em 2022 devido às orientações recebidas do governo Joe Biden e do premiê inglês Boris Johnson de que abandonasse a mesa de negociações, admitiu a subsecretária de Estado dos EUA, Victoria Nuland.
Uma vez solicitada por Kiev a dar “conselhos” sobre as negociações, disse Nuland, a representação norte-americana disse a Vladimir Zelensky para rejeitar o acordo alcançado. “Pessoas dentro e fora da Ucrânia começaram a questionar se esse era um bom acordo e foi nesse ponto que ele desmoronou”, disse.
Conforme a agente estadunidense, “os ucranianos começaram a pedir conselhos relativamente tarde no jogo sobre o rumo que essa coisa estava tomando e ficou claro para nós, claro, para os britânicos e outros, que a principal condição de Putin estava enterrada em um anexo a este documento no qual eles estavam trabalhando”. O acordo proposto incluía limites sobre os tipos de armas que Kiev poderia possuir, como resultado a Ucrânia “seria basicamente neutralizada como uma força militar”, enquanto não havia restrições semelhantes à Rússia, explicou. Segundo ela, autoridades dos EUA “não estavam na sala” em Istambul, apenas oferecendo “apoio” a Kiev caso fosse necessário.
HISTÓRICA HOSTILIDADE EM RELAÇÃO À RÚSSIA
Dando continuidade à sua histórica hostilidade em relação à Rússia, desde o violento golpe promovido em Kiev em 2014 – que derrubou o presidente democraticamente eleito da Ucrânia, Viktor Yanukovich – durante sua escalada entre Moscou e Kiev, em fevereiro de 2022, Nuland propôs um envolvimento ainda mais profundo dos EUA no conflito. E foi além, defendeu que a Ucrânia fosse armada com armas cada vez mais sofisticadas. Posteriormente, reconhecendo o fracasso de sua política, declarou à CNN que a Rússia moderna havia se mostrado diferente “da que queríamos”.
O tenente-coronel Vasily Prozorov, do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) – onde atuou de 1999 até o final de 2017 -, denunciou em entrevista à Hora do Povo, o caráter antidemocrático do regime de Kiev, com perseguições políticas, assassinatos, crimes de guerra, bombardeios a alvos civis, e a ascensão de grupos neonazistas. Enquanto oficial do serviço secreto ucraniano, Prozorov foi testemunha da interferência dos Estados Unidos no golpe de estado de 2014, da ajuda do novo governo para a formação de milícias neonazistas e da perseguição e assassinatos contra jornalistas e políticos da oposição.
Os eventos da Praça Maidan, que terminaram no golpe de Estado, contaram com o apoio e a presença pública de autoridades de Washington, que também dirigiram a composição do governo golpista. Prozorov recorcou que “autoridades dos EUA, como Victoria Nuland, viajavam repetidamente a Kiev neste período para apoiar os partidários da oposição e os representantes do Ocidente e não escondiam isso”. “Em fevereiro de 2014, foram os países ocidentais que prometeram ao presidente Viktor Yanukovych uma solução pacífica para o conflito e simplesmente o enganaram, dando aos revoltosos a oportunidade de tomar o poder em Kiev”, apontou.
PUTIN CONDENA “DESEJO DAS ELITES DOS EUA”
O presidente Vladimir Putin disse na semana passada que a única razão pela qual o acordo de Istambul falhou foi por causa do “desejo das elites dos EUA e de algumas nações europeias de infligir uma derrota estratégica à Rússia”, acrescentando que, na época, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, serviu como mensageiro para anular o processo de paz.
Aquelas negociações, recordou Putin, renderam um rascunho de acordo que teria encerrado as hostilidades, com Kiev disposta a declarar neutralidade militar, limitar suas forças armadas e prometer não discriminar os russos étnicos. Em troca, Moscou teria se juntado a outras potências e oferecer garantias de segurança à Ucrânia. O líder russo asseverou que as negociações com Kiev ainda são possíveis, mas só podem acontecer “não com base em algumas demandas efêmeras, mas com base nos documentos que foram acordados e realmente inicializados em Istambul”.