A denúncia do assassinato de um jornalista e um cinegrafista por míssil israelense, nesta quinta-feira, 1º de agosto, foi ao ar através de um vídeo gravado pelo correspondente da rede Al Jazeera no Brasil, para a qual eles trabalhavam na Faixa de Gaza.
No vídeo, com a mensagem do correspondente Hassan Masoud, divulgado na sexta-feira (2), são dados elementos da dedicação do jornalista Ismael Al-Goul (que teve a cabeça decepada pelo míssil que os atingiu no carro, com a informação de se tratar de um veículo da imprensa destacada no seu capô): “Esse colega jornalista, era nosso amigo, irmão Ismael Al-Goul, um jovem de 27 anos, que deixou sua casa no começo da guerra, deixou sua menina de dois anos e não a viu novamente, fez tudo isso apenas para falar a verdade sobre o que está acontecendo no norte de Gaza”.
Segue a transcrição dos principais trechos do depoimento do correspondente Hassan Masoud, no qual faz um apelo aos jornalistas brasileiros para que divulguem amplamente o genocídio como transcorre na Faixa de Gaza:
“Senhoras e senhores, colegas, jornalistas aqui no Brasil.
Um colega da Al Jazeera, Ismael Al-Goul, correspondente da Al Jazeera em Gaza e seu cameraman, o cinegrafista dele Rami Arrifi foram assassinados no ataque israelense que os atingiu na cabeça dentro do carro deles na faixa de Gaza, após saírem de uma transmissão ao vivo de um local onde também haviam sido atacados.
Esse colega jornalista, era nosso amigo, irmão Ismael Al-Goul, um jovem de 27 anos, que deixou sua casa no começo da guerra, deixou sua menina de dois anos e não a viu novamente, fez tudo isso apenas para falar a verdade sobre o que está acontecendo no norte de Gaza.
Ele passou fome, passou as situações mais difíceis em Gaza.
Em uma de suas reportagens, quando entrou no Hospital do Al-Shifa para mostrar tudo, a verdade, ao vivo na rede Al Jazeera fazendo a cobertura da agressão que estava acontecendo aí, foi detido e ficou preso por 12 horas até ser liberado.
Agora, meses depois, foi assassinado, por um ataque que além de mata-lo o deixou sem cabeça.
Nós já ouvimos muitas mentiras neste período, foram divulgadas ‘fake news’ dizendo que os palestinos fizeram isso com crianças israelenses, mas nunca vi nenhuma imagem que mostrasse isso, mas nós temos as imagens que mostram como o nosso colega que ficou sem cabeça teleguiado, com os atiradores sabendo o que estavam atacando.
Infelizmente, e peço desculpas para colocar a vocês uma imagem para que vejam como ele ficou.
Isso tudo está acontecendo somente porque esses jornalistas – dos quais 165 foram assassinados até esse momento em Gaza – estão mostrando a verdade do que está acontecendo por lá.
Eu estava na Palestina cobrindo a guerra e vi com meus olhos o que está acontecendo. É preciso que a imprensa mundial divulgue a verdade sobre o que está acontecendo em Gaza”.
Recentemente o correspondente Masoud foi homenageado por lideranças da comunidade árabe e ativistas em favor da causa palestina em ato promovido pelos sindicatos dos Jornalistas e dos Escritores de São Paulo. Vejam matéria relacionada: