Além de Bolsonaro, estavam o terraplanista Osmar Terra, chamado por ele de “meu assessor”, o empresário Carlos Wizard e a médica Nise Yamaguchi, que jurara na CPI nunca ter participado do “gabinete das sombras”
Acaba de vir à tona um vídeo, divulgado pelo jornal Metrópoles, que mostra o funcionamento dentro do Palácio do Planalto do comitê da sabotadores do combate à pandemia. As cenas ocorreram em setembro de 2020. Ali estava Bolsonaro, assessorado por Osmar Terra, pelo empresário Carlos Wizard e a médica Nise Yamaghchi, entre outros, discutindo como viabilizar a cloroquina e impedir a vacinação dos brasileiros.
GABINETE DAS SOMBRAS
Para quem tinha dúvida se este “gabinete paralelo” substituía ou não o Ministério da Saúde, as imagens e as falas dos espalha-vírus presentes à reunião são esclarecedoras. Um dos oradores, o virologista Paolo Zanotto, orienta Bolsonaro a criação de um “shadow cabinet” (gabinete das sombras em tradução literal) para aconselhar o governo sobre a pandemia.
“Eu gostaria de ajudar o Executivo a montar um ‘shadow board'”, afirmou Zanotto. Segundo ele, seria algo “como se fosse um ‘shadow cabinet’, esses indivíduos não precisam ser expostos, digamos assim, à popularidade”, afirmou Zanotto para Bolsonaro na reunião. Ou seja, era para ser nas sombras, às escondidas. Um trabalho de sapa a favor do vírus e das mortes.
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TALVEZ NÃO DEVA TER VACINAS
Um pouco antes, o virologista aparace apresentando “opiniões” ao presidente, duvidando das vacinas contra a Covid. Bolsonaro se escudava nesses pareceres para atrasar a compra dos imunizantes. Nesta época a Pfizer já havia oferecido vacinas ao governo brasileiro. O atraso gerou a morte de milhares de pessoas. O virologista diz que é preciso tomar “extremo cuidado” e que o Brasil “talvez não” deva ter vacinas contra a doença:
“E uma das coisas importantes que tenho para falar é o seguinte: no contexto da vacina, a gente tem que tomar um extremo cuidado. O Brasil tem uma diversidade genética assombrosa, que faz a população brasileira, provavelmente, uma das grandes mecas no desenvolvimento de vacinas. A gente tem que tomar um cuidado enorme com isso. Com todo respeito, eu acho que a gente tem que ter vacina — ou talvez não — porque o grande problema do coronavírus é que eles têm, intrinsicamente, problemas no desenvolvimento vacinal”, afirmou o médico.
O virologista entregou qual papel que cumpria no esquema Arthur Weintraub, ex-assessor especial da Presidência, irmão de outro lunático, o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, refugiado no exterior, depois de agredir o Supremo Tribunal Federal. O médico disse que era Arthur quem fazia a interlocução entre os profissionais do aconselhamento paralelo e o presidente Jair Bolsonaro.
“A gente não tem condições neste momento de dizer que qualquer vacina, que poderia estar, realisticamente, no que eles chamam de fase 3. Isso é muito sério. Então, nesse sentido, a gente precisaria — a minha sugestão, até enviei uma mensagem ao Executivo, mandei a carta para Weintraub, para o Arthur — talvez fosse importante se montar um grupo, e a gente poderia ajudar”, afirmou o virologista para Bolsonaro.
YAMAGUCHI A OSMAR: “UMA HONRA TRABALHAR COM O SENHOR”
A médica Nise Yamaguchi, que no depoimento à CPI da Covid negou a participação no “gabinete das sombras”, estava toda serelepe na reunião. Ela aparece dizendo para os participantes da mesa: “Uma honra trabalhar com o senhor nesse período”, se dirigindo a Osmar Terra.
No “gabinete das sombras” eram traçadas as estratégias contra as vacinas e contra as medidas sanitárias de combate à pandemia. Além de Bolsonaro, aparecem entre os participantes o deputado Osmar Terra (MDB-RS), a quem Bolsonaro chama de “meu assessor”, a médica Nise Yamaguchi, que jurou na CPI que não existia o gabinete paralelo, o virologista Paolo Zanotto e outros profissionais de saúde. O capitão cloroquina diz á certa altura, que vai levar aquelas questões ao ministro da Saúde, cargo então ocupado por Eduardo Pazuello.
BOLSONARO: VETEI DISPOSITIVO PARA COMPRA DE VACINAS APROVADAS NO EXTERIOR
Bolsonaro deixou claro que estava trabalhando contra as vacinas. Falou sobre o seu veto ao projeto que facilitaria a aprovação de vacinas. “O projeto foi aprovado na Câmara, e eu vetei um dispositivo. Resumindo: o que foi vetado e a Câmara derrubou o veto depois? Determinava ali: EUA, Japão União Europeia e China. O que chegasse aqui para combater o coronavírus, a Anvisa tinha 72 horas para liberar. Se não liberasse, haveria liberação tácita. Eu perguntei: até a vacina? Até a vacina”, afirmou Bolsonaro.
E complementou: “Então, a vacina, mesmo tendo aprovação científica lá fora, tem umas etapas para serem cumpridas aqui. A gente não pode injetar qualquer coisa nas pessoas e muito menos obrigar. Eu falei outro dia: ninguém vai ser obrigado a tomar a vacina, e o mundo caiu na minha cabeça”, disse Bolsonaro.
Num dos diálogos, Osmar Terra faz a defesa da hidroxicloroquina, contrariando as evidências científicas que já estavam disponíveis na época. “Aqui tem um especialista em arritmia cardíaca, presidente. E ele é o primeiro a dizer que não tem problema usar hidroxicloroquina”, afirmou Terra. Bolsonaro responde: “A gente viu o depoimento de um amigo nosso, também falou exatamente isso: não tem problema nenhum. Foi potencializado, exatamente para o pessoal fugir, talvez por ser um remédio muito barato”, argumentou o presidente.
A existência de um “gabinete paralelo” é um dos principais eixos de investigação da comissão parlamentar de inquérito, que está convencida de que esses “conselhos aceitos por Bolsonaro” contra as vacinas e a favor da charlatanice da cloroquina prejudicaram o combate à pandemia no país e provocaram a morte de centenas de milhares de brasileiros.
S.C.
O charlatão e o gabinete da morte veio a tona, 470 mil brasileiros e brasileiras morreram por falta de uma política centrada na ciência, com a compra das vacinas centenas destas mortes teriam sido evitadas isto é fato, só ocorreu por falta de medidas como usar máscara e distanciamento o que você Bolsonaro não fez e incentivou as pessoas irem pra rua provocando essa mortandade, portanto, o seu desgoverno é culpado sim. A verdade acima de tudo e a Constituição acima de todos.