O governo do Vietnã anunciou a proibição e a retirada de circulação no país de todas as 104 marcas comerciais que têm o glifosato – ingrediente ativo do Roundup, pesticida cancerígeno da Monsanto/Bayer.
De acordo com o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural do Vietnã, a preparação para o banimento vem desde 2016, quando pesquisadores começaram a coletar dados sobre o glifosato, cuja “toxidade” impacta a saúde e o meio ambiente.
Comercializado sob diversas roupagens, o glifosato é mais conhecido pela marca Roundup, da gigante estadunidense Monsanto, adquirida no ano passado por US$ 66 bilhões pelo grupo químico alemão Bayer.
Diante da decisão vietnamita, após o dia de 10 de junho, o produto não poderá mais ser importado, produzido, comercializado ou utilizado no país asiático.
CONDENAÇÃO
Na semana passada um tribunal de apelações de Lyon, na França, confirmou a responsabilidade da Monsanto/Bayer na intoxicação de um agricultor que usava um herbicida da multinacional. Paul François foi intoxicado em abril de 2004 ao inalar vapores de Lasso, um herbicida da Monsanto, utilizado em seus campos de milho. A multinacional já havia sido condenada em 2012 e 2015 a “indenizar totalmente” o agricultor, que sofre graves sequelas, mas a empresa recorreu das duas sentenças.
Nos Estados Unidos, recentemente, na segunda sentença contra a Monsanto/Bayer e o pesticida Roundup em menos de um ano, um júri federal em San Francisco, considerou o glifosato “fator substancial” no câncer de Edwin Hardeman, de 70 anos, que sofre de linfoma não-Hodgkin. Hardeman foi diagnosticado com linfoma não-Hodgkin (NHL) em 2015, depois de usar o Roundup para matar carvalho venenoso e ervas daninhas em sua propriedade ao longo de duas décadas.
INDENIZAÇÃO
No ano passado, outro júri em San Francisco havia condenado a corporação a indenizar em US$ 268 milhões o jardineiro municipal Dwayne Johnson, 46, que sofre também de linfoma não-Hodgkin incurável e com diagnóstico de pouco tempo de vida.
A Bayer/Monsanto controla 25% do mercado mundial de pesticidas e 30% das vendas de sementes agrícolas.
Diante da determinação do governo do Vietnã em defender a saúde pública e o meio ambiente, o ministro da Agricultura americano, Sonny Perdue, se pronunciou pelo glifosato. “Estamos desapontados”.
O herbicida mais utilizado no mundo tem sido classificado como cancerígeno desde 2015 pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, da Organização Mundial da Saúde (OMS).