O mais recente levantamento da Associação Nicaraguense Pró-Direitos Humanos (ANPDH) aponta que, em apenas 158 dias, a violência do governo de Daniel Ortega e Rosário Murillo contra as manifestações pela democracia já deixou mais de 500 pessoas mortas e de 4.000 feridas.
Conforme o Informe Preliminar de Cidadãos Nicaraguenses Mortos em Protesto Cívico como um Direito Humano, de 19 de abril a 23 de setembro, o banho de sangue inundou o país. Os protestos iniciaram contra o anúncio de reforma da previdência – que penalizava os mais pobres – e, diante da brutalidade da repressão, que violentou sucessivos direitos e garantias constitucionais, passou a exigir a saída do presidente e de sua esposa e vice-presidente.
Em processo de monitoramento e investigação -, o informe divulgado pelo renomado escritor e sacerdote Ernesto Cardenal, ex-ministro da Cultura durante a revolução sandinista – contabiliza 512 assassinatos e denuncia que os hospitais públicos foram impedidos de prestar socorro às vítimas. “São aproximadamente 4.062 feridos entre graves, menos graves e leves, sem acesso a receber atenção médica oportuna do sistema de saúde pública. O número de lesionados com dano permanente é de 103 cidadãos”, descreve a organização de direitos humanos.
SEQUESTROS
O documento também denuncia que 1.428 pessoas foram “seqüestradas/desaparecidas por grupos armados não autorizados (paramilitares)”. “Destes, apareceram 123 cidadãos por gestão da ANPDH e da Igreja católica e dois foram liberados em outras condições diante da Polícia Nacional, que denunciaram haver brutalmente torturados. Estão pendentes de ser localizados 1.303 cidadãos com detenção ilegal e alguns desaparecidos”, acrescenta a organização.
De acordo com o informe, 472 pessoas foram liberadas pela Polícia Nacional da Nicarágua por gestão da ANPDH e da Igreja Católica, que ao mesmo tempo conseguiram que os manifestantes liberassem 20 policiais.
A organização de direitos humanos conclui o informe alertando que o conjunto da população nicaraguense está sendo alvo do “assédio policial ou de organismos de segurança em conjunto de grupos paramilitares armados – e de choques – motivados por um fanatismo partidário à margem da lei”.