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Numerosos vídeos e charges nos EUA têm satirizado a relação Musk-Trump
Um ministério dos EUA – que eles lá chamam de Departamento – abriu uma “sindicância” para apurar a divulgação, nas telas do órgão responsável pela moradia e desenvolvimento, de um vídeo fake em que Trump aparece lambendo os pés do trilionário Elon Musk, seu maior doador de campanha e integrante de seu gabinete como responsável pela “eficiência governamental”.
O vídeo foi “brevemente” exibido nas telas do Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano (HUD) dos EUA na segunda-feira (25), registrou o jornal “The New York Times”.
No vídeo, uma legenda com a frase “Long Live the Real King” (Viva o Verdadeiro Rei, em tradução livre) foi sobreposta às imagens, fazendo referência à postagem de Trump em sua plataforma “Truth Social”, em que ele representava a si mesmo com uma coroa na cabeça.
Já Musk, o exímio executor de saudações nazistas, era jocozamente mostrado com dois pés esquerdos.
A exibição, que depois vazou e fez sucesso na internet, ocorreu justo na segunda-feira, data final do ultimato de Musk aos servidores públicos para que enviassem um e-mail relatando cinco coisas que haviam feito na semana anterior e ameaçando demissões.
Nas redes sociais, porta-voz do HUD asseverou que o vídeo “abusa dos recursos do contribuinte” e ameaçou os autores.
Como se o problema real não fosse expor as provocações de Trump ao povo norte-americano se caracterizando como rei, as relações espúrias entre o presidente (um pequeno bilionário) e o seu maior doador de campanha (o trilionário) e dois egos anormais em jogo.
Um deles anunciando que vai “possuir” Gaza, comprar a Groenlândia, retomar o Canal e anexar o Canadá, enquanto o outro, além de aconselhar os alemães a não terem vergonha do seu passado nazista e votarem AfD, também é conhecido por ter dito, sobre o lítio da Bolívia, “que dá golpe em quem quiser”.
Não é a primeira vez que o tema motiva interpretações. Numerosas charges nos EUA têm caracterizado a relação Musk-Trump como a que existe entre o marioneteiro e o marionete. Como uma em que Musk dirige seu Tesla enquanto Trump é visto num assento infantil mexendo um volante de brinquedo.
A mídia também explorou extensamente a hilária cena do filho pirralho de Musk, em pleno gabinete presidencial, dizendo a Trump que este não era o presidente.
A rigor, o próprio Trump, ao colocar Musk como o grão-vizir do desmanche do funcionalismo dos EUA, segundo outros, do “Estado Profundo”, deu a este um destaque em seu governo, apesar de formalmente não integrá-lo, que dificilmente ocorreria por outro caminho.
Naturalmente, o modesto Trump tem outra percepção sobre quem é o marioneteiro. Vídeo fake por vídeo fake, o próprio Trump fabricou um. Aquele delírio macabro sobre Gaza, em que mostra uma enorme estátua dourada dele próprio pairando sobre o enclave recém limpo etnicamente, em que não falta um sorridente Musk comendo houmus e fazendo chover dólares. E como coadjuvantes crianças palestinas entre destroços (o antes) e Netanyahu de sunga, sob numerosas placas de “Trump Gaza” (o ‘futuro’).