
Premiê da Groenlândia considerou a visita uma “provocação”. Vance e sua trupe se limitarão a visitar a base dos EUA por 24 horas, ao invés dos três dias que chegaram a ser anunciados
A visita do vice de Trump, JD Vance, sua mulher, Usha, mais comitiva, à capital da Groenlândia, Nuuk, foi cancelada depois que enviados dos EUA não conseguiram encontrar nenhuma autoridade local, ou sequer algum morador, que quisessem recebê-los, em meio às repetidas ameaças de Trump de anexar a maior ilha do mundo, ou “comprá-la”.
Seguidos protestos têm reiterado que a Groenlândia “não está à venda” e que “não queremos ser americanos”.
A trupe de Vance incluiu ainda o conselheiro de segurança nacional Mike Waltz e o secretário de Energia Chris Wright.
Conforme a CNN, protestos públicos e a indignação das autoridades da Groenlândia e da Dinamarca levaram a delegação dos EUA a voar apenas para a base militar e não se encontrar com o público.
Em suma, Vance e Waltz fugiram de serem hostilizados pela população groenlandesa e a provocação saiu pela culatra.
Na semana passada, a visita havia sido anunciada como uma espécie de safári ártico, com a presença de Usha Vance e outros figurões trumpistas e, mais tarde, quando a indignação ficou patente, com o próprio Vance comunicando que também iria.
A visita – sem que houvesse um convite do governo da Groenlândia – já havia sido repudiada pelo primeiro-ministro interino, Mute Egede, como uma “provocação”.
Documento conjunto de todos os partidos groenlandeses repudiou abertamente qualquer anexação aos EUA, também rechaçada pelo governo da Dinamarca, da qual a Groenlândia é território autônomo.
O documento considerou “inaceitáveis” as ameaças de Trump de “tomar a Groenlândia” de uma forma ou outra.
Segundo o roteiro inicial, Usha Vance e sua trupe deveriam passar três dias na Groenlândia em uma “visita cultural”, que incluiria até mesmo uma “corrida de trenós puxados por cães” e idas a Nuuk e à base dos EUA na ilha do Ártico.
Diante dessa rejeição, e sob risco de manifestações contra a presença de Vance e contra a “compra”, na terça-feira, a Casa Branca ensaiou um recuo, assinalando que a incursão passaria a envolver apenas a visita à Base Espacial Pituffik dos EUA, na costa noroeste, para o que não é necessário convite, bastando um comunicado. A base existe desde 1951 e faz parte do sistema estratégico norte-americano de alerta contra mísseis intercontinentais.
Decisão que o ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen, considerou “muito positiva”. Ele acrescentou que a Dinamarca não tinha “nada contra” os americanos visitando sua própria base (como facultado pelo acordo EUA/Dinamarca), relatou a BBC.
Desde que foi empossado como presidente no início deste ano, Trump tem sugerido repetidamente que os EUA deveriam assumir o controle da Groenlândia, seja por meio de força militar ou financeira, como disse a Sky News. Trump alega que o território rico em recursos é vital para a segurança nacional dos EUA e, então, para ele, é só ir lá e pegar.