MARCO ANTÔNIO CAMPANELLA (*)
A velocidade com que os fatos estão acontecendo no Brasil e no mundo em tempos de pandemia é, rigorosamente, impressionante.
No mesmo dia em que atingimos a cifra tenebrosa de 200 mil mortes pelo coronavírus, temos a notícia de que o Brasil está prestes a ter a sua primeira vacina contra uma pandemia que se arrasta há quase um ano, apesar da mediocridade negacionista instalada no Palácio do Planalto e todas as demais que foram mobilizadas ao longo desse período.
O Instituto Butantan, patrimônio do povo brasileiro, em especial, da população do Estado de São Paulo, acaba de anunciar que a vacina CoronaVac, produzida em parceria com a chinesa Sinovac, atingiu 78% de eficiência, o que significa dizer que, a cada 100 pessoas vacinadas, ao menos 78 estarão protegidas contra a Covid-19. A vacina assegura 100% de proteção contra mortes, casos graves e internações em infectados pela doença.
E mais: o Instituto já encaminhou a solicitação de registro à Anvisa para uso emergencial, o que, por lei, terá que ser concedido em poucos dias, devendo assegurar o início da vacinação em São Paulo no dia 25 de janeiro, data do aniversário da capital paulista.
A emoção do médico e cientista Dimas Tadeu Covas, diretor-presidente do Butantan, ao anunciar os resultados dos testes que mobilizaram quase 13 mil valorosos profissionais da saúde em todo país, nos últimos meses, é compreensível.
Conheci Dimas muito cedo, desde os primeiros anos do antigo grupo escolar no qual com ele estudei até os 16 anos de idade, em nossa querida Batatais, no interior de São Paulo, sempre na mesma sala de aula, e bem me lembro do aluno exemplar e dedicado que era.
Muitos anos depois, soube que, já formado em Medicina pela USP de Ribeirão Preto, tornara-se professor titular e diretor do Hemocentro daquela instituição.
Sua presença no Butantan, sempre muito sereno e objetivo nas informações fornecidas sobre o processo de enfrentamento da pandemia e na conduta do órgão, confirma a sua qualificação para a função e a correção da escolha. O homem certo, na hora certa, no lugar certo. Um motivo de orgulho para nossa geração.
Parabéns, caro Dimas! Parabéns à equipe do Butantan por mais essa vitória da medicina e da epidemiologia brasileira! Parabéns aos cientistas que enfrentaram e derrotaram os obscurantistas.
É o primeiro passo, todos nós sabemos, mas é um passo fundamental para romper as amarras da ignorância que tentam impor obstáculos ao pleno desenvolvimento da epidemiologia brasileira, reconhecida mundialmente desde os tempos do consagrado Oswaldo Cruz ainda no final do século 19.
Um passo decisivo para interromper a onda genocida, açulada pelo poder central de plantão, em nome da república das cloroquinas, que sacrificou tantos brasileiros e infelicitou tantas famílias pelo Brasil afora.
Trata-se de uma conquista histórica de uma instituição que no próximo mês de fevereiro completará 122 anos de existência.
Uma conquista do SUS que precisa ser urgentemente resgatado para a defesa da vida!
Viva o Butantan! Viva a Ciência! Viva o Brasil!
(*) Da redação do Jornal Hora do Povo