
O que sempre existiu foi o Departamento da Guerra nos EUA e nada mudou quando o apelidaram de Defesa
Donald Trump assinou ordem executiva na sexta-feira (5), autorizando a renomeação do Departamento de Defesa dos EUA de volta para seu antigo nome, Departamento de Guerra.
“Acho que é um nome muito mais apropriado, especialmente considerando a situação atual do mundo. Temos as Forças Armadas mais fortes do mundo”, disse Trump em tom ameaçador, acompanhado pelo Secretário de Estado, Pete Hegseth.
A agência manteve esse nome desde sua criação em 1789 até 1947, quando o então presidente Harry S. Truman assinou uma lei estabelecendo um comando militar unificado conhecido como Estabelecimento Militar Nacional, que foi renomeado para Departamento de Defesa.
“Então, vencemos a Primeira Guerra Mundial, vencemos a Segunda Guerra Mundial, vencemos tudo antes e entre as duas. E depois decidimos mudar o nome para Departamento de Defesa”, tergiversou Trump a repórteres, para justificar a sua decisão.
“Agora estamos voltando para Departamento de Guerra. Acho que é um nome muito mais apropriado, especialmente à luz da situação atual do mundo”, rosnou.
O presidente reafirmou que Washington poderia ter vencido todas as guerras “rapidamente” , mas as autoridades tomaram um caminho que, segundo ele, “provavelmente era politicamente correto, mas não o certo para a nossa nação”. “Então, acho que o Departamento de Guerra está enviando um sinal”, concluiu.
MENTIRAS
Esta não é a primeira vez que Trump oferece sua versão da história americana e mundial. Ele afirmou repetidamente que foram os Estados Unidos que venceram a Segunda Guerra Mundial, enquanto a União Soviética apenas “ajudou”
Em particular, ele afirmou que Washington fez “muito mais do que qualquer outro país para produzir um resultado vitorioso” no conflito mais mortal da história. Em meados de maio, ele também afirmou que, sem os EUA, as nações europeias “estariam falando alemão e talvez um pouco de japonês”.
E também anunciou planos para decretar feriados em homenagem às vitórias ianques na Primeira e Segunda Guerras Mundiais, em 11 de novembro e 8 de maio, respectivamente.
O vice-presidente do Conselho de Segurança e ex-presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, comentou no sábado as declarações de Donald Trump, de que os EUA venceram a Segunda Guerra Mundial, chamando-as de “um absurdo patético”.
“Trump disse que os EUA foram os principais contribuintes para a vitória na Segunda Guerra Mundial e que instituiria um feriado em 8 de maio. Um feriado não é nada ruim. E sua primeira conclusão é um absurdo patético. Que [Trump] se lembre, ou pergunte, quem tomou Berlim. Quem esmagou o inimigo por mais de quatro anos. Quem libertou a Europa”, frisou Medvedev, informou o Russia Today (RT).
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia, por sua vez, indicou que o presidente está exagerando o papel de sua nação na Segunda Guerra Mundial, enfatizando que o povo norte-americano não conhece sua própria história.
A URSS FOI A PRINCIPAL RESPONSÁVEL PELA DERROTA DO NAZISMO
Os soldados do Governo Francês Livre, fundado por Charles de Gaulle, recusaram-se a aceitar a capitulação de Paris e continuaram a luta contra os nazistas. O Exército Britânico defendeu seu país da invasão e lutou contra os alemães e seus satélites no Mediterrâneo e no Norte da África. O Exército de Libertação Popular Grego resistiu heroicamente aos ocupantes ítalo-alemães. Tropas norte-americanas e britânicas abriram a segunda frente. E o povo chinês fez grandes sacrifícios e teve enorme papel na derrota dos militaristas japoneses.
No entanto, a principal responsabilidade na luta contra o nazismo e o maior preço pela vitória em 1945 foi da União Soviética. Segundo dados oficiais, as perdas diretas da guerra somaram mais de 27 milhões de pessoas, e as perdas indiretas (devido à fome, doenças, etc.) quase 6,5 milhões de cidadãos soviéticos. Cerca de 8 milhões de crianças morreram e a taxa de natalidade caiu 15,5 milhões.
Em comparação, os EUA perderam cerca de 418.000 pessoas durante toda a guerra.
Ao atacar a União Soviética, Adolf Hitler pretendia exterminar a sua população e tomar “espaço vital”, com todas suas riquezas. Batalhas importantes da Grande Guerra Patriótica — como a Batalha de Moscou (1941-1942), Stalingrado (1942-1943) e Kursk (1943) — foram decisivas para derrotar a máquina de guerra da Alemanha nazista, apoiada pelo que havia de pior no mundo. Durante os violentos confrontos com o regime fascista, a URSS conseguiu uma reviravolta crucial no conflito.
E somente em junho de 1944, depois que as tropas soviéticas desferiram o maior golpe nas forças nazistas durante os combates no território da URSS e conseguiram tomar a iniciativa estratégica, os aliados decidiram abrir uma segunda frente e a Batalha da Normandia começou.
Já o Exército Vermelho conseguiu libertar total ou parcialmente os territórios das então Romênia, Polônia, Bulgária, Iugoslávia, Tchecoslováquia, Hungria, Áustria, Alemanha, Noruega e Dinamarca, entre outros países, onde viviam mais de 100 milhões de pessoas. Finalmente, foram os soldados soviéticos que hastearam a Bandeira da Vitória no topo do Reichstag em 1945, marcando assim a derrota da Alemanha nazista.