Quatro de cinco atividades ficaram no vermelho. Sob efeito dos juros altos e alto nível de inadimplência, serviços prestados às famílias caem 3,8%
Em agosto deste ano, o setor de serviços recuou 0,9% em agosto frente ao mês de julho, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) divulgada nesta terça-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O setor está 1,9% abaixo do seu auge registrado em dezembro de 2022.
A retração do volume de serviços prestados no país atingiu quatro das cinco atividades investigadas. O resultado negativo veio puxado pelos serviços de transporte (-2,1%), que obteve recuo em todo os seus segmentos: terrestres (-0,9%); aquaviário (-1,3%); aéreo (-0,3%), e armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio (-5,5%).
Os serviços de transportes vêm sofrendo a influência negativa do recuo nas atividades de portos e terminais e de transporte rodoviário de cargas. Desde o pós-pandemia, o transporte de carga brasileiro estava apresentando ganhos de receita diante da alta demanda por eletrônicos e pelo desempenho da produção agrícola, que vem mostrando recordes de safra.
“A gestão de portos e terminais, que está dentro do subsetor de armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio, vem apresentando perda de fôlego há algum tempo, registrando um impacto importante na pesquisa. O transporte de cargas, por sua vez, atingiu o ápice em julho de 2023, ou seja, está com uma base de comparação muito elevada”, explicou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
O volume do transporte de cargas recuou 1,2% em agosto de 2023, após ter avançado 5,7% entre maio e julho. Diante deste resultado, o setor se situa 1,2% abaixo do ponto mais alto registrado em julho de 2023.
Outro fator que puxou o volume de serviços do país para baixo foram os serviços prestados às famílias, que recuaram -3,8% em agosto frente ao mês anterior. Entre abril e julho, os serviços prestados às famílias haviam acumulado uma alta de 4,8%. O segmento também registrou uma queda de -1,5% na comparação com agosto de 2022.
Com o consumo de bens e serviços sendo restringido pela elevada taxa básica de juros (Selic) do Banco Central, que ficou de agosto de 2022 a agosto de 2023 em 13,75% ao ano, e o alto nível de inadimplência, os serviços prestados às famílias continua sendo a única modalidade de serviços a não superar o patamar pré-pandemia. Os serviços às famílias estão operando 5,8% abaixo do nível de fevereiro de 2020.
A queda nos serviços prestados às famílias ocorre “basicamente em restaurantes e hotéis, que são os principais componentes em termos de peso”, destacou Lobo. Os serviços de alojamento e alimentação recuaram -3,5% na passagem de julho para agosto. Na comparação anual, o recuo foi de 2%.
Outros serviços prestados às famílias – modalidade que inclui academias de ginástica, salões de beleza, cursos de idiomas etc. -, também apresentou queda em agosto frente ao mês anterior (-1,3%).
No ano, os Serviços seguem no polo positivo, diante da alta de 4,1% frente ao acumulado dos mesmos 8 meses de 2022. Já frente a agosto do ano passado, o setor de serviços cresceu 0,9%.