A lista de convidados estrangeiros às atividades de treinamento na Rússia inclui Azerbaijão, Argélia, Armênia, Bielorrússia, China, Índia, Cazaquistão, Quirguistão, Laos, Mongólia, Nicarágua, Síria e Tadjiquistão
Começaram no extremo leste da Rússia os exercícios militares estratégicos Vostok 2022, que contarão com a participação de forças russas, chinesas, indianas e de outros países – 50 mil soldados e oficiais e mais 5 mil equipamentos pesados, incluindo 60 navios de guerra e 140 aviões – e que irão até o dia 5 de setembro.
A cerimônia de abertura dos exercícios Vostok 2022 ocorreu na quarta-feira (31) em uma área de treinamento militar em Primorsky Krai, na Rússia. No atual contexto internacional, a presença de militares chineses, indianos e russos, operando conjuntamente, é tida como um sintoma do amadurecimento em curso do novo mundo da cooperação multipolar, em contraposição ao mundo unipolar em crise.
O vice-ministro da Defesa russo, Yunus-Bek Yevkurov, representando a nação anfitriã, disse que a ampla participação e escala do exercício o tornam especial e demonstra “o crescente papel e importância de treinar nossas forças armadas juntas”. Os chefes das outras delegações enfatizaram em seus discursos que este é um exercício puramente defensivo.
Filmagens da cena mostram soldados das nações participantes marchando ao som de uma banda militar. A lista de convidados estrangeiros inclui Azerbaijão, Argélia, Armênia, Bielorrússia, China, Índia, Cazaquistão, Quirguistão, Laos, Mongólia, Nicarágua, Síria e Tadjiquistão.
Pela primeira vez, a China envia todos os três componentes das suas forças armadas – terrestres, navais e aéreas – ao mesmo tempo para esse tipo de manobras de guerra conjuntas, registrou o Global Times.
O foco da Vostok 2022 será “o uso de grupos de tropas para assegurar a segurança militar”, afirmou a Rússia. As manobras serão realizadas em 12 diferentes localizações espalhadas pelo Distrito Militar Oriental, um dos cinco distritos militares da Rússia, com uma vasta área de 7 milhões de quilômetros quadrados, cujo QG é em Khabarovsk, no rio Amur, perto da fronteira com a China, e que inclui ainda a região de Sakhalina e as Ilhas Kurilas.
Declaração do Ministério da Defesa chinês saudou a participação também da “Índia, Bielorrússia, Tajikistão, Mongólia e outros países”. Afirmou ainda que a presença chinesa visa “aprofundar a cooperação prática e amistosa com os militares dos países participantes, aumentar o nível de coordenação estratégica entre todas as partes participantes, e fortalecer a capacidade de lidar com várias ameaças de segurança”.
Um especialista militar chinês ouvido pelo GT, Zhang Xuefeng, disse que essa participação da China nos exercícios mostra que os militares chineses podem decidir quando realizar que tipo de exercícios com quem, com base em suas próprias necessidades de segurança e acordos de treinamento, independentemente das interferências das situações externas.
Para o especialista militar chinês e comentarista de TV, Song Zhongping, essa participação das três forças do ELP nesse exercício militar “também reflete o aprofundamento contínuo da cooperação militar China-Rússia”. Ele acrescentou que China e Rússia aprenderão uma com a outra, pois ambos as forças têm suas próprias vantagens.
“Como duas grandes potências militares no mundo, a cooperação militar China-Rússia também contribuirá para a paz e a estabilidade na região, para a dissuasão contra forças externas com intenções malévolas e para a luta contra o hegemonismo e a política de poder”, destacou.
Os EUA – que mantém 800 bases militares no exterior e vivem realizando operações militares provocadoras em terras e mares alheios – achou por bem expressar “preocupação” com os exercícios Vostok 2022.
Durante um briefing diário na terça-feira, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse que Washington tem reservas sobre “qualquer país que se exercite com a Rússia enquanto a Rússia está travando uma guerra brutal e não provocada contra a Ucrânia”. Quando perguntada, ela se recusou a dizer se os EUA retaliariam os participantes, particularmente a Índia, por enviar suas tropas para a Rússia.
Na semana passada, durante a 10ª Conferência Internacional de Segurança de Moscou, o presidente russo Vladimir Putin advertiu que as “elites globalistas ocidentais” precisam de conflitos “para reter sua hegemonia” e denunciou que elas promovem o caos, insuflam velhos e novos conflitos em busca de perseguir sua agenda “para manter a hegemonia e o poder que estão escorregando de suas mãos”.
Putin disse ainda que os EUA deliberadamente tentam insuflar as chamas e criar problemas na Ásia-Pacífico, assinalando que o Ocidente coletivo está buscando expandir à região seus sistemas de blocos, “como feito com a OTAN na Europa”. “Para este fim, estão criando uniões agressivas político-militares como a AUKUS e outras”.
Ele disse também que tais potências tentam jogar a culpa de suas próprias falhas sobre outros países, notadamente Rússia e China, “que estão defendendo seu ponto de vista e planejando uma política de desenvolvimento soberano sem se submeter às elites supranacionais”.
O líder russo chamou ainda a um “fortalecimento radical do sistema contemporâneo de um mundo multipolar”. “Todos esses desafios são globais e, portando, seria impossível suplantá-los sem combinar os esforços e potenciais de todos os Estados”.