Objetivo dos “estudos” dos privatistas é aprovar assalto aos direitos
Os trabalhadores convocam (ver página 5) greve geral para o dia cinco de dezembro, pois, no dia seguinte, o governo pretende votar o ataque à Previdência.
Nos últimos dias, os privatistas da Previdência apresentaram vários “estudos” para “provar” que a população tem que aceitar – e, inclusive, aplaudir – quando é assaltada em seus direitos mais elementares.
Por exemplo:
A) Um patife que foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda na gestão Palocci/Lula – hoje um intelectual do mercado financeiro (Deus!) – apresentou um “estudo” a deputados do PMDB, segundo o qual a despesa das Previdências estaduais e municipais vai superar a dívida pública nos próximos 75 anos.
Nem vamos perguntar como o autor do “estudo” sabe qual a despesa das Previdências estaduais e municipais nos próximos 75 anos, nem como ele sabe o que acontecerá com a dívida pública daqui a sete décadas e meia.
Porque o objetivo nada tem de sério. É, apenas, enganar incautos.
Mas essa vigarice foi manchete de um conhecido jornal paulistano.
B) Outro gênio calculou que, se os atuais aposentados tivessem sido submetidos às regras que o governo quer aprovar, “somente” 35% deles seriam prejudicados.
Vamos imaginar que isso é verdade. Seriam prejudicados 6 milhões e 500 mil aposentados.
O autor dessa bobagem acha, provavelmente, que 6,5 milhões de pessoas – e mais aqueles que dependem, de uma ou outra forma, deles – é pouca coisa.
Mas não é verdade que somente 35% dos aposentados seriam afetados. Porque, para começo de conversa, essa “reforma” de Meirelles e Temer tem o objetivo de abrir a porta para outras alterações (no limite, o fim da previdência pública – o famoso modelo Pinochet, em que só se aposenta quem tem dinheiro, e, mesmo assim, se a arapuca de “previdência privada” não quebrar).
Deixar essa coisa passar – para usar uma comparação publicável em um jornal de família – é como deixar a água de um dique fluir, sem obstáculo, por um buraco. A próxima coisa que vai acontecer é o desmoronamento do dique.
Mas esse fenomenal “estudo” mereceu chamada de capa de outro jornal paulistano.
C) O Ministério do Planejamento também fez um “estudo”, segundo o qual, se não houver a “reforma” da Previdência do Meirelles, a recessão “vai voltar”.
Muito interessante: o país está parado, sem que haja qualquer relação com a Previdência, mas devido à política econômica de Levy/Dilma e de Meirelles/Temer (que é a mesma).
Pelo contrário, as aposentadorias, que sustentam a economia de 64% dos municípios brasileiros – isto é, de 3.500 municípios – impediram que a crise, causada pela política econômica do governo, fosse mais devastadora. Sem elas, a economia teria entrado rapidamente em colapso, por falta de mercado interno no país.
Encerramos aqui nossa abordagem dos “estudos” dos ladrões da Previdência. Para mais, teríamos que ir ao infinito.
Entretanto, o que mostra essa profusão de contos do vigário sobre a Previdência, surgida após a escroqueria do Banco Mundial, recomendando que os aposentados sejam pagos abaixo do salário mínimo?
Significa que esses elementos não conseguiram convencer ninguém. Caso contrário, já teriam parado de inventar fraudes, quer dizer, “estudos”.
Rigorosamente, o problema de Meirelles, Temer, e da máfia financeira, é que não existe no país quem seja a favor desse achaque à Previdência. Ninguém, pois a escória que, no governo ou na mídia, se esgoela contra os mínimos direitos previdenciários dos trabalhadores, não é alguém. Nem é alguém nem é do país, uma vez que tem, no lugar do cérebro, uma massa de modelar, formatada mais fora que dentro do Brasil.
Eles ganham dinheiro com isso. Mas não são nada.
Não é um acaso que nem a “base” de Temer, com exceção dos mais idiotas, se disponha a aprovar esse estrupício.
Essa “base” sabe perfeitamente que, aprovar algo que todo mundo é contra, é o melhor caminho para não ser reeleito e perder o foro privilegiado. Para os que estão com a Lava Jato nos calcanhares, não será uma perspectiva agradável…
Porém, como é possível que seja certo ou necessário – como dizem Temer, Meirelles e outros bandidos – algo que todo mundo é contra?
Não é possível. Se fosse, as ditaduras fascistas seriam o sistema ideal de governo da humanidade.
Porém, há mais.
Na História do Brasil, a marca do canalha, há muito, é a pretensão de fazer uma “reforma da Previdência”, isto é, tirar direitos dos trabalhadores à aposentadoria.
Depois do sacrifício do homem que fundou a Previdência Social, Getúlio Vargas, o traidor Café Filho, aboletado na Presidência, pregou (?) uma “reforma da Previdência”.
Na época, na campanha eleitoral, Juscelino Kubitschek (PSD-PTB) defendia a Previdência, enquanto seu adversário, Juarez Távora (PDC-UDN), a atacava.
No dia cinco de julho de 1955, o réprobo Café Filho fez um discurso em que dizia que “a reforma dos Institutos e Caixas é hoje unanimemente [??] considerada como indispensável e urgente”, “é um ônus financeiro (…) que o Tesouro não está em condições de suportar”, “remontam às próprias origens da previdência os males que hoje corroem o seu organismo (…) suscitando para os órgãos de previdência a ameaça de um estado de insolvência”.
O deprimente sujeito dizia que “a solução de todos esses problemas ou pelo menos a atenuação de seus efeitos” estava “no projeto de reforma geral do sistema”.
A culpa da situação da Previdência não era o fato do governo de Café Filho – que tinha uma múmia entreguista no Ministério da Fazenda, Eugênio Gudin – ter deixado de entrar com sua parte no financiamento do sistema, tal como determinavam as leis da época.
Segundo Café (o animal, não o vegetal, como disse Juscelino), a culpa era do aumento do salário mínimo, assinado por Getúlio, por proposta de Jango, 10 meses antes. Dizia Café que aumentar o salário mínimo era “modalidade artificial e ilusória de elevar a receita dos que trabalham”.
Por fim, dizia ele que a legislação trabalhista e previdenciária “de nada serve (…) enquanto no Brasil não prevalecer em todas as classes a consciência dos deveres”.
Café Filho (assim como Pierre Laval, fuzilado em 1945 por colaborar com os nazistas durante a ocupação da França) iniciara sua vida política como advogado de sindicatos de trabalhadores.
Terminou sendo o primeiro presidente a levar um impeachment pelas ventas.
Quanto à Previdência, prosperou muito, depois que Juscelino ganhou as eleições, sem que fosse preciso cortar ou impedir uma só aposentadoria.
Isso foi há mais de 60 anos.
CARLOS LOPES
O governo teme não gerar empregos para financiar a previdência.
Os benefícios concedidos no Brasil são proporcionalmente maiores que em outros países.
O problema da previdência está na concessão do benefício para não contribuintes.
O mais adequado seria o Bolsa Família para desempregados.
Precisa reformular a tributação, pois você paga duas vezes a previdência, uma nos12% sobre sua renda, e novamente sobre o consumo de um produto ou serviço, este acréscimo não é contabilizado e representa uma perda de 5 anos na sua aposentadoria. Mas o economista espertinho não falou isto para você.
Para quem paga no carne avulso: paga duas vezes, uma na folha e outra no consumo do produto ou serviço, levando a um acréscimo de 5% sobre o seu recolhimento, este acréscimo não é contabilizado a seu favor e representa uma perda de 9 anos na sua aposentadoria, você paga 25% ao INSS e recebe sobre 20% da contribuição
Para quem paga no holerite: paga duas vezes a previdência, uma nos 12% sobre sua renda, fora os 20% descontado na folha de pagamento da empresa, e paga novamente sobre o consumo de um produto ou serviço, este acréscimo não é contabilizado a seu favor e representa uma perda de 5 anos na sua aposentadoria. Mas o economista espertinho não falou isto para você
À única maneira que conheço para separar os três poderes (trabalho, empresa, governo) é isentando todas as empresas e tributando com base no consumo anual da pessoa física.