O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou neste sábado, em entrevista ao Estadão, que seu voto em Bolsonaro está excluído. “Quero ouvir primeiro. Não sei o que vão fazer com o Brasil. O Bolsonaro pelas razões políticas está excluído”, disse ele. “O outro (Haddad) eu quero ver o que vai dizer”, acrescentou. “Com o Haddad eu me dou, já o Bolsonaro eu nunca vi”, destacou o ex-presidente.
FHC disse que já fez a sua história e que não precisa provar nada. “Todo mundo sabe o que eu penso. Não preciso provar que sou democrático. Eu sou! O PSDB sabe o que eu penso. Todo mundo sabe. Alguém pode imaginar que eu vou sair por aí apoiando o Bolsonaro? Nunca”, salientou. Por outro lado “não preciso ser coagido moralmente por ninguém. Não estou vendendo a alma ao diabo”, disse o ex-presidente.
Indagado se há alguma porta aberta com Fernando Haddad, Fernando Henrique respondeu que “a porta existe”. “Eu não diria aberta, mas há uma porta. O outro não tem porta. Um tem um muro, o outro uma porta. Figura por figura, eu me dou com Haddad. Nunca vi o Bolsonaro”, explicou. Fernando Henrique disse que não houve ainda nenhum diálogo com o PT. “Seria bom se o PT fizesses autocrítica”, prosseguiu o líder do PSDB. “Tenho relações pessoais e cordiais com o candidato Haddad, mas o que está em jogo é o que será feito com o Brasil”, observou.
O presidente de honra do PSDB disse que concorda que Bolsonaro representa o autoritarismo. “O autoritarismo, o fascismo não, porque é um movimento específico de apoio popular e com ideias específicas de Estado corporativo, tinha uma filosofia por trás”, disse ele. “Não sei se ele (Bolsonaro) tem alguma filosofia por trás. Ele tem uma vontade de mandar. Não sei o que ele é. O que propôs como parlamentar foi corporativismo. Agora vai ser liberal? Pode ser. As pessoas mudam. Mas não mostrou nada”, destacou FHC.
Indagado se essas opiniões representam apoio automático a Haddad, FHC respondeu: “quando automaticamente o PT apoiou alguém? Só na vice-versa. Vamos ver o que ele vai dizer”. “Com que autoridade moral o PT diz: ou me apoia ou é de direita? Cresçam e apareçam. Não vou no embalo. Não me venham pedir posição abstratamente moral. Política não é uma questão de boa vontade, é uma questão de poder. E poder depende de instrumentos e compromissos efetivos”, afirmou.
Falando sobre o apoio de Doria a Bolsonaro, FHC criticou o ex-prefeito. “Não estou de acordo em apoiar o Bolsonaro. Não corresponde à minha história e ao meu sentimento. Não são os militares voltando ao poder, mas o povo abrindo espaço para a possibilidade de uma presença militar mais ativa. Os militares entenderam a função deles na Constituição. Neste momento é muito importante defender o que está na Constituição”, disse ele.
“Não estamos mais na guerra fria. As pessoas olham para o que está acontecendo no Brasil como se fosse 1964 e 1968. Havia guerra fria e capitalismo contra comunismo. Não é essa a situação que vivemos. Temos de resistir a qualquer tentativa de ferir os direitos fundamentais assegurados na Constituição. O PSDB não deve abrir mão da defesa da democracia”, ponderou FHC.
Outro tema abordado foi a guinada “liberal” do PSDB, defendida por Doria. FHC disse que “essa é uma questão do século 18. Estamos no século 21. Hoje você não tem mais a possibilidade de imaginar mercado sem regulamentação. Fake news?”, indagou. “Tem que regulamentar. Você não pode pensar que o Estado vai substituir a iniciativa privada. Ninguém propõe controle social dos meios de produção. No passado, era isso que definia esquerda e direita. Liberal quer dizer o quê? É um falso problema”, completou FHC.
Excelente. Concordo plenamente com FHC. Tem de passar na TV para ampliar este comentário para a população.