57,7 milhões de brasileiros votaram em Jair Bolsonaro para presidente da República. Porém, maior é o número dos que não votaram nele: 89,5 milhões.
Quando se diz que Bolsonaro teve 55,13% e Haddad 44,87% dos votos denominados, não muito precisamente, de “válidos”, se revela um aspecto da realidade, mas não toda a realidade.
No Brasil, para efeito da proclamação da vitória de “a” ou “b” no segundo turno das eleições para presidente, governador ou prefeito, a regra é considerar apenas os eleitores que votaram em um dos dois candidatos e não o comportamento da totalidade dos eleitores. Os votos nulos, brancos e abstenções são desconsiderados.
Porém, para aquilatar a força política e moral que emana desse resultado, é necessário levar em conta o comportamento do conjunto do eleitorado.
Quanto mais elevado é o número de votos brancos, nulos e abstenções, mais eles representam desaprovação do eleitor aos dois candidatos. Nessas eleições esse número bateu em 42,4 milhões de votos.
Em pequenas doses, voto em branco, nulo e abstenção podem ser vistos como indiferença. No entanto, em doses elevadas, como as verificadas nesta eleição, é impossível negar o significado que eles têm de rejeição e protesto contra o vitorioso e também contra o perdedor.
Portanto, para entender corretamente o recado das urnas, não basta considerar o resultado segundo os “votos válidos”.
É necessário considerar que, dos 147.302.357 eleitores brasileiros, 57.797.416 (39,20%) votaram em Bolsonaro, 47.040.380 (31,97%) votaram em Haddad. E os votos brancos, nulos e abstenções totalizaram 42.465.572 (28,63%).
Oficialmente, ainda faltam algumas urnas a serem apuradas, mas como são poucos votos a interferência nesse resultado é praticamente nula.