“O líder do governo no Senado ainda tem responsabilidades com as instituições”, assinalou o deputado do Podemos
O deputado Bacelar (Podemos-BA) afirmou que a fala do ministro da Educação, Abraham Weintraub, “foi ataque contra a Constituição que nós [parlamentares] juramos defender”.
“O ministro de uma pasta tão importante, tão cheia de problemas e tão prejudicada pelo coronavírus usa os seus cinco minutos de intervenção para destilar todo o seu fundamentalismo radical, agressões e o seu fascismo”, declarou Bacelar ao HP.
Na gravação da reunião feita no dia 22 de abril, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirma no vídeo que “eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF”.
O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), disse em entrevista à GloboNews que, se fosse presidente, “demitiria” Weintraub.
Para o deputado, “é estarrecedor” o que aconteceu naquela reunião. Ele assinalou que “o líder do governo no Senado ainda tem responsabilidades com as instituições”, diferente de Weintraub.
“Ele [Weintraub] agrediu o STF e o Poder Legislativo, quando ele olha e mostra ‘eles’, apontando para o Judiciário e para o Legislativo”.
Em sua avaliação, “o ‘centrão’ vai exigir a demissão. O ‘centrão’, por interesses outros, vai exigir a demissão. Eu acredito que a ‘nova base’, a base ampliada que ele tá querendo construir vai pedir a demissão”.
“Mas não acredito que será atendido, porque o Bolsonaro só demite um ministro se ele estiver indo bem, que é quando ele enxerga conspiração e traição”, disse.
A gravação se tornou pública pelo STF na sexta-feira (22). Ela faz parte da investigação acerca da intervenção política de Jair Bolsonaro na PF, que foi denunciada pelo ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, quando este anunciou sua saída do governo.
Bacelar, que foi secretário de Educação e Cultura de Salvador, acredita que “a reunião foi histórica”. “Entrará nos anais da história do Brasil como a demonstração mais vil do que tem de pior. Eu vi ali o que tem de pior na sociedade brasileira. A mesquinhez, o preconceito, a violência, a arrogância”.
“Parecia que era o capitão de um time de várzea dizendo ‘vamos entrar em campo e destruir o time adversário’. Não tinha presidente aquela reunião, porque, se tivesse, alguns ministros não teriam acabado suas intervenções, teriam sido demitidos antes”.
P. B.