O ministro da Educação de Bolsonaro, Abraham Weintraub, rejeitou a indicação da lista tríplice e designou uma interventora para assumir a reitoria da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), no Mato Grosso do Sul.
A pedagoga Mirlene Ferreira Macedo Damázio foi nomeada como reitora pro temporwe. Mirlene não participou da consulta prévia feita neste ano entre professores, funcionários e acadêmicos da universidade, nem colocou seu nome à disposição do Colégio Eleitoral para elaboração da lista tríplice, como é realizada a escolha dos representantes.
A lista composta pelos professores Etienne Biasotto, Jones Dari Goettert e Antônio Dari Ramos, foi enviada a Brasília em março, mas, em seguida devolvida pelo MEC.
No início de maio, a 1ª Vara Federal em Dourados acatou pedido do Ministério Público Federal (MPF) e determinou a suspensão da lista tríplice. Porém, após duas semanas, a Justiça Federal revogou a liminar.
O Diretório Central dos Estudantes (DCE UFGD) e a União Nacional dos Estudantes (UNE) emitiram uma nota de repúdio, contra a arbitrariedade do ministro e a imposição da lista tríplice e os desmandos do MEC, em nome do ministro Weintraub.
Veja na íntegra:
Nota de repúdio sobre a intervenção federal autoritária na escolha da reitoria da Universidade Federal da Grande Dourados
A União Nacional dos Estudantes vem a público repudiar a intervenção federal autoritária por parte do MEC e do Governo Federal sobre a escolha da reitoria da Universidade Federal da Grande Dourados.
No mês de março de 2019 a comunidade acadêmica realizou a consulta prévia para indicação de reitor e vice-reitor. Com ampla maioria dos votos, a chapa “Unidade UFGD” representada pelo Professor Etiene e pela Professora Cláudia foi escolhida por professores, servidores e estudantes de forma paritária.
Respeitando o regimento, o colégio eleitoral da UFGD se reuniu e indicou uma lista tríplice compatível com o desejo da comunidade acadêmica.
Imediatamente, a Lista Tríplice da UFGD foi questionada pelo Ministério da Educação, que desde 2018 já anuncia suas pretensões de interferência na autonomia universitária em diversos pleitos pelo país.
A Justiça Federal em Dourados chegou a determinar a suspensão da lista e a realização de novas eleições. Nesse meio tempo foram diversas idas e vindas no judiciário. A UFGD respondeu aos questionamentos através da sua Procuradoria Federal, foram realizadas audiências e reversões das decisões e hoje a lista Tríplice continua em suspenso aguardando uma decisão final da justiça.
Hoje, anunciaram a nomeação de uma interventora, a Professora Mirlene Damázio (FAED) para a reitoria da UFGD. Essa decisão não foi apreciada em nenhum órgão colegiado da universidade. A professora nomeada não participou da Consulta Prévia, não está na Lista Tríplice e ainda mais, apoiou publicamente uma das chapas candidatas na Consulta Prévia, a Chapa 2 (UFGD em Ação) que terminou o pleito em último lugar com 18% dos votos.
Diante disso, nos posicionamos em defesa da autonomia universitária e da democracia. Reforçamos a defesa da nomeação do reitor eleito, Professor Etiene e da vice-reitora eleita, Professora Cláudia. Eleitos inclusive com mais do que o dobro de votos de estudantes daquela que ficou em segundo lugar no nosso segmento. A voz estudantil deve ser escutada.
A história da UNE é uma constante na luta contra o autoritarismo e não será diferente agora. Nos colocamos ao lado do DCE da UFGD e de toda comunidade acadêmica desrespeitada para que o nosso direito seja garantido.