O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, contou que o X ignorou ordens para tirar do ar publicações com ameaças contra a filha de 5 anos e a esposa de um agente da corporação que participava de investigações sobre atos golpistas.
Em uma evento empresarial, Rodrigues defendeu a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de suspender os serviços do X no Brasil, que ocorreu após a empresa ignorar diversas decisões judiciais e não pagar multas.
Andrei Rodrigues relatou que o senador bolsonarista Marcos do Val (Podemos-ES) publicou no Twitter fotos da filha de 5 anos e da esposa de um delegado que atuava em uma investigação na qual era alvo.
Abaixo da foto, escreveu: “Procura-se vivo ou morto”.
Marcos do Val é investigado por ter participado da trama golpista do governo Jair Bolsonaro.
O STF determinou que o X tirasse do ar a publicação do senador com a fotos de familiares de um delegado. Depois de ser ignorada, a Corte estabeleceu uma multa de R$ 50 mil diários pelo descumprimento.
“O X não fez nada, nem apagou o post nem pagou a multa. E ainda disse que iria retirar o escritório da rede social no Brasil, para [as autoridades] não terem com quem falar”, contou o diretor-geral da PF.
O X só foi suspenso depois que não apresentou para a legislação brasileira nenhum representante legal no país.
Rodrigues falou que “o ministro [Alexandre de Moraes] teve como último recurso bloquear a ferramenta no Brasil”.
“Coloquem-se na posição do meu colega e de Moraes: O que fariam?”, provocou. O nome do delegado não foi citado pelo diretor-geral da PF.
O delegado Fabio Shor também foi ameaçado diretamente pelo X por participar de investigações que envolvem o ex-presidente Bolsonaro. Uma publicação dizia: “você acha uma foto da Michelle Obama grávida, mas não acha uma do Fábio Shor”.
Com isso, surgiu um movimento para vazar fotos e dados do delegado. Um usuário publicou a carteira de identificação do agente emitida pelo Detran do Rio de Janeiro.
Fabio Shor relatou que um macaco de pelúcia azul apareceu amarrado no limpador traseiro do seu carro, quando este estava estacionado no local onde mora.
O deputado Marcel Van Hatten (Novo-RS), que também é bolsonarista, discursou segurando uma foto do delegado.