Em meio à guerra comercial e a perorações em Washington sobre o ‘o choque de civilizações’, o presidente chinês Xi Jinping chamou de “estupidez” acreditar que “a raça e a civilização de alguém são superiores às outras”.
A declaração foi feita na abertura da conferência Diálogo das Civilizações Asiáticas na quarta-feira, com a participação de 47 líderes asiáticos e milhares de pessoas. 50 países não-asiáticos também enviaram representantes. O repúdio ao unilateralismo, excepcionalismo e xenofobia foi recebido com intensos aplausos.
“Devemos permitir que as mais diversas civilizações do mundo floresçam”, sublinhou Xi. Não haverá choque de civilizações se as pessoas “apreciarem a beleza de todas”, destacou.
“A intensificação dos desafios globais que a humanidade enfrenta agora exige esforços conjuntos de países em todo o mundo”, apontou o presidente chinês.
Em seu discurso, Xi ressaltou a importância do “respeito mútuo e do tratamento igual” entre civilizações e povos, para que se torne possível um “futuro compartilhado”.
Como ele destacou, a Ásia, com dois terços da população global, é um importante berço da civilização humana e lar de culturas vibrantes, com 47 países e mais de mil grupos étnicos. “Os asiáticos esperam um continente pacífico, estável, aberto e integrado com prosperidade comum”, sublinhou.
IGUALDADE E RECIPROCIDADE
Para Xi, a igualdade, a reciprocidade e, a diversidade são essenciais no intercâmbio entre civilizações. Os intercâmbios, destacou, não devem ser obrigatórios nem forçados, nem unidirecionais.
Como se sabe, não foi exatamente isso que foi visto nos dois últimos séculos, em que a doutrina do “fardo do homem branco” escondia uma feroz espoliação dos povos tidos como ‘inferiores’ e a redução de regiões inteiras à condição de colônia.
Ao dar as boas-vindas da China aos participantes, Xi reiterou, como essência da civilização chinesa, a busca da “boa vontade com os vizinhos e harmonia com todas as nações”. Também, “beneficiar as pessoas e proporcionar-lhes estabilidade e prosperidade”.
“Manter a reforma e a inovação, e avançar com os tempos, é o espírito inalterado da civilização chinesa. Seguir as regras da natureza e unir o humano e o universo é a filosofia da existência da civilização chinesa”, reiterou Xi.
Para ele, a civilização chinesa continuamente realiza intercâmbios e aprende com outras culturas, incluindo o budismo, o islamismo e o marxismo. “A China de hoje não é apenas a China. É a China da Ásia e a China do mundo”. Ele se comprometeu com que a China no futuro assuma “uma postura” ainda mais aberta para “abraçar o mundo”.
TOLERÂNCIA E APRENDIZADO MÚTUO
Xi conclamou à tolerância e aprendizado mútuo. “Todos os organismos vivos precisam de metabolismo, caso contrário, a vida irá parar. A civilização é o mesmo: se você ficar fechado por um longo tempo, certamente irá declinar. O intercâmbio e reconhecimento mútuo são o requisito essencial do desenvolvimento da civilização e para manter uma forte vitalidade.”
O presidente chinês também conclamou a “acompanhar os tempos e inovar” e asseverou que “nenhum país pode ficar sozinho” – talvez em referência à agenda “America First” de Trump. No mês passado, alto dirigente do Departamento de Estado, Kiron Skinner, afirmou à CNN que Washington estava envolvido em uma luta “com uma civilização realmente diferente, a China”, era “um choque de civilizações”.
A.P.