Zambelli diz que não cometeu “nenhuma ilegalidade” ao perseguir armada jornalista negro

Luan foi perseguido na rua por Carla Zambelli, que portava uma arma de fogo. Foto: Reprodução
Cenas foram tão surreais que o chamado bolsonarismo atribuiu à deputada a responsabilidade pela derrota de Bolsonaro

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi ouvida, nesta quarta-feira (16), por videoconferência, pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a perseguição armada em São Paulo na véspera do segundo turno das eleições.

A cena foi aterradora. Parecia coisa de filme policial. Ela, com seguranças e assessores perseguindo o jornalista negro, Luan Araújo, depois de discussão política na rua.

Um dos seguranças da deputada federal reeleita por São Paulo disparou tiro a esmo na rua. Vários vídeos das cenas viralizaram nas redes sociais.

Foi algo inacreditável. As cenas foram tão surreais, que o chamado bolsonarismo atribuiu à deputada como uma das responsáveis pela derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL).

De fato, foi, pois, a ação tresloucada de Zambelli ocorreu alguns dias depois de o ex-deputado e também aliado de Bolsonaro, Roberto Jefferson (PTB), ter recebido a Polícia Federal tiros e disparado três granadas. Esse fato, com as cenas protagonizadas por Carla Zambelli, caíram como uma bomba atômica na campanha de Bolsonaro.                        

O FATO

Zambelli foi filmada no dia 29 de outubro com arma de fogo em punho enquanto perseguia um homem em São Paulo. Conforme a assessoria dela, a deputada sacou a arma após ter sido ofendida. No depoimento, segundo comunicado pela assessoria, Zambelli disse que “sua conduta não se revestiu de nenhuma ilegalidade”.

Afinal, onde está a “ilegalidade” de uma deputada federal perseguir um homem desarmado, depois de discussão política, na rua?

Caso a deputada não sofra as consequências do crime que cometeu — civilmente e politicamente — abre-se grave precedente para que outros piores sejam cometidos.

VERSÃO NÃO CORRESPONDE COM OS FATOS

O depoimento ocorreu por meio de videoconferência, pois a deputada está nos EUA – viajou um dia depois da derrota de Bolsonaro. Depois de sabotar a campanha reeleitoral do chefe do Executivo, ela viajou. Parece que foi fazer compras. 

Segundo Zambelli, ela foi vítima de violência política e deu a versão dela sobre o que ocorreu no episódio, segundo a assessoria da deputada.

Zambelli alegou ter recebido ofensas à honra dela e ameaças.

Ela também afirmou que o fato ocorreu um dia após o vazamento de seu número de telefone em redes sociais e que recebeu mensagens com ameaças de morte e xingamentos.

Zambelli mentiu em sua primeira versão do caso. Ela disse que foi empurrada pelo jornalista e caiu na calçada. Mas, como toda a cena foi filmada, ela ficou desmoralizada, pois se vê claramente nas imagens que o jornalista estava longe dela e que caiu sozinha, escorregando na calçada sem ninguém tocar nela.

Ao encurralá-lo dentro de uma lanchonete, a deputada bolsonarista ordenou que o jornalista se deitasse no chão, sem ter absolutamente nenhuma autoridade para isso.

M. V.

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *