Os “massivos níveis de protesto” que varrem Honduras representam um enorme desafio para o atual governo, uma vez que se eleva a pressão sobre o presidente Juan Orlando Hernandez (OJH), para que renuncie, afirma o líder hondurenho Manuel Zelaya, cuja posse à presidência foi impedida em um golpe articulado em conluio com a Casa Branca, em 2009.
“A ditadura tem que acabar cedo ou tarde”, acrescenta Zelaya em um período em que as forças armadas do país executam uma ampla repressão contra a onda de manifestações que marcam os dez anos do golpe e a denúncia da crise marcada pelo desemprego, pela corrupção, êxodo em massa em direção ao norte (na tentativa de sobrevivência negada por quem aprofundou a crise: os Estados Unidos.
Prosseguem os atos de protesto que ganham repercussão após a morte de três manifestantes atingidos por tiros, segundo denúncia de parentes, disparados por militares.
Na segunda-feira, forças militares invadiram a Universidade Nacional Autônoma de Honduras e abriram fogo contra estudantes que se manifestavam. Há informações de que quatro ficaram feridos e foram levados a hospitais.
Zelaya repudiou o apoio de Washington a um “governo que reprime a oposição e o protesto”.
O grito de “Fora JOH!” ecoa por toda Honduras desde abril, quando o anúncio de uma “reforma no setor público”, foi rechaçada pelos trabalhadores da Saúde e da Educação. Eles denunciam que tais “reformas” levarão a demissões em massa e ao escancaramento para a privatização das unidades e serviços públicos do setor.
Mais recentemente, caminhoneiros e até setores da polícia hondurenha aderiram aos protestos.
As manifestações e greves fizeram com que o presidente hondurenho fosse à televisão, embora tenha sido para bravatear desafiando o movimento nacional por seu afastamento: “Vou trabalhar até o último dia de meu mandato”.
Imediatamente a organização local dos bispos católicos lançou um manifesto intitulado: “Basta!”, no qual alertam que a administração do país pelo atual governo “pode mergulhar Honduras em uma crise de muito difícil superação”.
“O alto custo de vida, o aumento da atividade criminosa, o desemprego e as sérias deficiências nos sistemas de Saúde e Educação e a corrupção são as preocupações principais de todos os hondurenhos”, acrescentam os bispos.
Ao invés de adotar uma posição adequada diante da grita nacional, o governo dos EUA mantém um apoio total a JOH inclusive tendo enviado mais 300 marines ao país durante a semana passada. Agora o número de soldados norte-americanos na base aérea de Soto Cano (onde têm autorização para operar) chega a 600.