Bolsonaro tinha dito no último dia 14 de julho, em entrevista à CNN, que apresentaria ao presidente ucraniano a solução para o fim da guerra. Pelo comunicado ucraniano, não houve nada sobre isso no telefonema
Jair Bolsonaro (PL) falou por telefone nesta segunda-feira (18) com Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia. O chefe do governo ucraniano disse na redes sociais ter informado Bolsonaro sobre “a situação no front” e pedido que o Brasil participe das sanções contra a Rússia.
O ucraniano não comentou nada sobre um possível aconselhamento de Bolsonaro de como conseguir o fim da guerra.
“Informei (ao presidente Jair Bolsonaro) sobre a situação no front. Discuti a importância de retomar as exportações de grãos ucranianos para prevenir uma crise global dos alimentos provocada pela Rússia. Eu peço que todos os parceiros comerciais se unam às sanções contra o agressor”, disse Zelensky, numa publicação em rede social após o telefonema.
Bolsonaro tinha dito no último dia 14 de julho, em entrevista à CNN, que apresentaria a ele a solução para o fim da guerra. “Vou dar minha opinião a ele do que eu acho. Eu sei como seria a solução do caso. Mas não vou adiantar. A solução do caso… Como acabou a guerra da Argentina com o Reino Unido em 1982? É por aí. A gente lamenta. A verdade são coisas que doem, machucam, mas você tem que entender”, disse o ocupante do Planalto.
O Planalto e o Itamaraty não deram informações sobre o conteúdo da fala de Bolsonaro com Zelensky, mas, pela informação divulgada pelo lado ucraniano, parece não ter havido nada sobre os supostos conselhos que Bolsonaro iria dar para colocar um fim à guerra. A conversa girou mesmo na tentativa de Zelensky de arrastar o Brasil para a política de sanções contra a Rússia.
A crise internacional de abastecimento, não só de grãos, mas, inclusive, de fertilizantes e combustíveis vem se agravando em consequência das sanções impostas pelos países da OTAN e pelos Estados Unidos à Rússia. O abastecimento da Europa com petróleo e gás natural entrou em crise por conta das sanções. Há quem diga que as sanções impostas à Rússia foram um tiro no pé da economia europeia.
Os grãos ucranianos, que, junto com os da Rússia, abastecem o mercado mundial, estão tendo dificuldades para o escoamento em função de milhares de minas que foram colocadas pelos ucranianos no mar Negro.
Nesta semana, Rússia e Ucrânia devem voltar a ter rodadas de negociação, mediadas pela Turquia e pela ONU, para tentar destravar a exportação de grãos. Para isso é necessário que sejam abertos os mapas das regiões que foram minadas.