O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, anunciou que o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) prendeu Viktor Medvedchuk, líder do maior partido de oposição do país, o Plataforma de Oposição Pela Vida.
O anúncio foi feito por Zelensky através das redes sociais. O governo ucraniano disse que quer “tirar evidências” de crimes de Medvedchuk para depois trocá-lo por prisioneiros de guerra ucranianos que estão com a Rússia.
Em março, o Plataforma de Oposição Pela Vida foi banido pelo governo de Zelensky, que utilizou a Lei Marcial para justificar o ato. Zelensky não baniu partidos neonazistas como o Svoboda, Setor Direita ou o Corpo Nacional.
Por conta das medidas de repressão contra os líderes de partidos de oposição que já existiam antes da guerra, Medvedchuk estava em prisão domiciliar desde maio de 2021.
Na última terça-feira (12), Zelensky divulgou que o líder de oposição tinha sido preso pelo SBU. O presidente ucraniano divulgou fotos de Medvedchuk algemado e com roupa militar.
“Bem, se Medvedchuk escolheu um uniforme militar para si, ele se enquadra nas leis da guerra. Proponho à Federação Russa que troque esse seu ‘cara’ por nossos homens e mulheres [mantidos] em cativeiro russo”, disse Zelensky.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia ironizou a ideia de trocar Medvedchuk por prisioneiros de guerra ucranianos e disse que seria uma “tendência extremamente perigosa, já que existem muitos políticos de oposição na Ucrânia”.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que a proposta é descabida. “Medvedchuk não é cidadão da Rússia, ele não tem nada a ver com a operação militar. Não sabemos se ele quer tal resolução da situação”.
“Tudo o que aconteceu com Medvedchuk é uma ilustração vívida do que é o regime de Kiev. Somos gratos a Medvedchuk por organizar a troca de prisioneiros, o que ele vem fazendo há vários anos, inclusive a pedido das autoridades de Kiev”, continuou.
Segundo o Kremlin “não haveria operação militar na Ucrânia se as ideias de Medvedchuk sobre normalizar as relações com a Rússia fossem levadas em consideração em Kiev”.
Medvedchuk apoiou e ajudou a articular os Acordos de Minsk, que visava a paz na região do Donbass, onde ficam as Repúblicas de Donetsk e Lugansk. O governo da Ucrânia optou por ignorar os acordos e continuar massacrando a população da região.
Viktor Medvedchuk rejeita o título de “pró-Rússia” que o governo de Zelensky tenta colocar sobre ele e seu partido para justificar as perseguições. O líder de oposição diz que seu partido representa milhões de ucranianos.
“EUA SILENCIA”
O presidente da Duma da Rússia, Vyacheslav Volodin, lembrou que “Zelensky algemou seu opositor. Estas são as liberdades políticas na Ucrânia. Mas os Estados Unidos e a União Européia estão em silêncio”.
“Se algo acontecer com Viktor Medvedchuk, Zelensky terá que responder”, pontuou Volodin.
A esposa de Medvedchuk, Oksana Marchenko, famosa apresentadora da Ucrânia, disse que a prisão de seu marido foi “uma manifestação de terrorismo”.
“Ele foi detido ilegalmente está mantido como prisioneiro de maneira ilícita em um local desconhecido. Meu marido não violou nenhuma lei”.
Dezenas de prisioneiros de guerra russos que foram trocados relataram que a Ucrânia os mantinha em situações degradantes e realizava torturas sistemáticas.
SBU SEQUESTROU FILHA DE PREFEITO UCRANIANO
O Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) sequestrou a filha de 20 anos do prefeito de Kupyansk, Gennady Matsegora, porque ele não incentivou a população a resistir à chegada do Exército da Rússia.
O prefeito anunciou que sua filha tinha sido sequestrada em um vídeo que publicou nas redes sociais da Câmara da cidade. Ele disse ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que “se alguma coisa acontecer com ela, vou culpar você por isso”.
“Se você considera que eu como prefeito da cidade cometi algum crime se sozinho, sem armas, não me levantei contra o exército [russo], julgue-me. Se minha vida é necessária para você, pegue-a. Mas, me ajude a salvar minha filha. Se alguma coisa acontecer com ela eu vou culpar você por isso”.